São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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"Felicidade é..." vence em Gramado 95

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO

Valeu a ousadia: o longa-metragem de episódios "Felicidade É...", dirigido por José Pedro Goulart, José Roberto Torero, Jorge Furtado e A.S. Cecílio Neto, levou dois dos três kikitos mais importantes (melhor filme pelo júri popular e melhor longa brasileiro) e sagrou-se o principal vencedor do 23º Festival de Gramado.
A produção cooperativa e autoral provou a maturidade dos realizadores, que estiveram na vanguarda do curta-metragem nacional. O sucesso de estima de ontem provou-se capaz de conquistar o público hoje.
A fraca mostra competitiva latina teve como vencedor o drama político chileno "Amnésia", de Gonzalo Justiniano. A história do reencontro de duas vítimas da ditadura militar com o chefe da repressão arrebatou o monoglota presidente do júri, o escritor e cineasta francês Alain Robbe-Grillet.
"Amnésia" recebeu os kikitos de melhor filme, melhor ator (Pedro Vicuña) e melhor fotografia (Hans Burmann).
O belo melodrama mexicano "O Beco dos Milagres" veio pouco atrás, com os kikitos de melhor diretor (Jorge Fonz), melhor roteiro (Vicente Leñero, adaptando romance do Nobel egípcio Nagib Mahfouz), melhor atriz coadjuvante (Margarida Sanz) e melhor filme da crítica. "A Isca", de Bertrand Tavernier, ficou com os prêmios para melhor atriz (Marrie Gillain) e melhor montagem (Luce Grunenwaldt).
Completam a lista de premiados o uruguaio "Patron" (Prêmio Especial do Júri), o italiano "Soldado Ignoto" (ator coadjuvante, Angelo Orlando) e o documentário brasileiro "No Rio das Amazonas" (música, Mário Manga), que merecia muito melhor sorte.
A decepcionante seleção de curtas 35mm, numa safra fraca, mas não tanto como a vista no festival, levou a um merecido acúmulo de prêmios em "Deus Ex-Machina", do gaúcho Carlos Gerbase, com seis kikitos: melhor filme do júri e da crítica, direção, roteiro, ator para Leverdógil de Freitas, montagem. Com uma fluente trama romântico-policial, "Deus" venceu ainda a concorrência entre curtas gaúchos, acumulando quatro dos cinco prêmios.
O melhor curta 35 mm segundo o júri popular foi "Naturezas Mortas", de Penna Filho, uma docuficção sobre os carvoeiros de Criciúma (SC). Cristina Mullins foi a melhor atriz na divertida revisita aos "catecismos eróticos" de Carlos Zéfiro de "A Desforra da Titia", de Reinaldo Pinheiro e Eduardo Quirino. A melhor fotografia foi para Gui Gonçalves de "Chuvas e Trovoadas".
O tocante e divertido mergulho no universo dos anões de "Criaturas Que Nasciam Em Segredo" de Chico Teixeira foi o grande vencedor na categoria 16mm, com os kikitos de melhor filme e diretor. Kátia Coelho ("That's A Lero-Lero") assinou a melhor fotografia e Maurício Setti ("Dente por Dente"), a melhor direção de arte.

O crítico Amir Labaki viajou a Gramado a convite da organização do festival

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