São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Micro traz indústria têxtil para o século 20

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A abertura do mercado brasileiro mostrou a grande parte das empresas de confecção brasileiras o quanto elas estavam atrasadas tecnologicamente em relação à concorrência internacional.
``Hoje, menos de 1% das confecções no Brasil usa o micro em seu processo industrial", diz Alon Dayan, diretor da Investronica, empresa que vende programas e equipamentos para o setor têxtil.
Dayan baseia esse cálculo nos seguintes dados: há cerca de 20 mil confecções no país e a Investronica tem atualmente 60 clientes que usam o programa alemão ``Tex-Design", que ela distribui.
``Somando esse número ao dos nossos concorrentes, o total não chega a 200 empresas. Estamos arranhando o mercado."
Segundo ele, nos Estados Unidos e na Europa, 90% das empresas de confecção usam sistemas computadorizados para a criação de estampas.
Programas específicos para aplicações têxteis são caros, mas valem o investimento. É o que diz Mônica Debasa, gerente de produto da tecelagem Pará de Minas.
``Antes do computador, fazíamos os desenhos à mão, com guache e pincel. O desenho era enviado para a fábrica, onde era refeito por um negativista, que separava as cores de acordo com as tintas que iriam ser utilizadas na estampa. Era um processo trabalhoso e demorado."
Segundo ela, o computador cortou a necessidade de refazer o desenho na fábrica. ``A execução de um desenho demorava cerca de dois dias. Hoje, são feitos até seis desenhos por dia."
Outra vantagem é a redução da necessidade de produção de amostras para venda. Com uma impressora jato de tinta é possível simular em papel as várias estampas de uma coleção.
A Pará de Minas tem dois PC em seu estúdio em São Paulo e um na fábrica de Minas Gerais.
Atualmente, as estampas são enviadas em disquetes para a fábrica, onde são gerados os fotolitos que irão para os cilindros de estamparia.
Em breve, a empresa vai começar a enviar seus trabalhos por modem (aparelho que liga o micro ao telefone).
Esse processo já é usado por empresas importadoras de tecido. ``A empresa cria a estampa aqui no Brasil e envia o arquivo por modem para a Coréia, onde é feito o filme e estampado o tecido, a um preço bem menor que o do mercado nacional", diz Dayan.

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