São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Resistência do Timor pede apoio do Brasil

RODRIGO LEITE
DA REDAÇÃO

O Conselho de Resistência Nacional do Timor Leste tenta, nesta semana, conseguir apoio do governo brasileiro para a independência da região, ex-colônia portuguesa no Sudeste Asiático, sob domínio da Indonésia.
O grupo considera o Brasil uma espécie de aliado natural, por causa da colonização e idioma comum. Mesmo assim, o representante do grupo em Portugal, Roque Rodrigues, critica o governo brasileiro por sua posição "tímida em relação ao problema.
Desde que a Indonésia ocupou o território, em 1975, a Anistia Internacional relata constantes desrespeitos ao direitos humanos na região. Cerca de 200 mil timorenses -quase um terço da população- morreram por causa da repressão aos separatistas.
Roque Rodrigues avalia que os interesses comerciais do Brasil com a Indonésia são o motivo para o país não dar apoio explícito à independência do Timor.
Hoje, Rodrigues fala na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e participa de uma reunião do Movimento dos Sem-Terra.
Ele se encontrará ainda com o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. O encontro tem importância porque a Igreja Católica é a principal aglutinadora do movimento de resistência contra o governo indonésio. Rodrigues admite que parte do financiamento da população à resistência é recolhido em igrejas.
No Rio, o representante do Timor Leste deve se encontrar com o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e com o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho. Durante a viagem, ele encontra o governador do Espírito Santo, Vítor Buaiz, e o do Distrito Federal, Cristovam Buarque (ambos do PT).
Um dos objetivos do Conselho de Resistência Nacional é abrir uma representação no Brasil, no próximo ano. Hoje, já existem representações em Portugal, Moçambique, Austrália e junto à Comunidade Européia e à ONU. A representação em Angola tem status de embaixada, dirigida, à distância, pelo próprio Rodrigues (que vive em Lisboa).
O conselho, que é considerado clandestino pelo regime indonésio, propõe um plano de paz para a retirada dos cerca de 20 mil soldados da área, que seriam substituídos por uma força da ONU que, por sua vez, fiscalizaria a implantação da independência. A Indonésia se nega a negociar e considera o Timor Leste uma província sua.

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