São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995 |
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Bancada do PFL se queixa do governo
DANIEL BRAMATTI
As discussões mudaram de rumo quando o líder do partido, deputado Inocêncio Oliveira (PE), chegou à reunião. Vários parlamentares reclamaram da ``indiferença" com que estariam sendo tratados pelos ministros do presidente Fernando Henrique Cardoso. ``O senhor não pode mais ser um contínuo dos deputados, pois só se consegue alguma coisa aqui dentro por seu intermédio", disse o deputado Severino Cavalcanti (PE), dirigindo-se a Inocêncio. ``É mais fácil conseguir audiência se você se apresentar como José Genoino", ironizou o deputado Carlos Alberto, provocando risos nos colegas. Genoino, do PT, faz oposição ao governo FHC. As críticas foram reforçadas pelo deputado Maluly Netto (SP), que considerou ``deterioradas" as relações entre a bancada paulista do PFL e o Executivo. ``Peço providências ao líder para que essa situação mude", afirmou. Os ministros não foram os únicos alvos de reclamações. Durante uma discussão sobre a fidelidade partidária, Severino Cavalcanti queixou-se de uma declaração do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). ``Não existe fidelidade partidária. Até ACM disse que, se tivesse de escolher entre a Bahia e o PFL, ficaria com a Bahia", disse. ACM também enfrenta uma crise de relacionamento com o governo, motivada pela intervenção do BC (Banco Central) no Banco Econômico, sediado na Bahia. Desabafo As manifestações levaram Inocêncio a fazer um desabafo. ``Todas as queixas são procedentes e eu vou levá-las ao presidente", afirmou o líder do partido, que acabava de vir de uma reunião com a bancada mineira do partido, na qual tinham sido apresentadas reclamações semelhantes. ``A maior parte dos ministros não recebe nossos deputados e nem sequer atende seus telefonemas. Muitas vezes eu mesmo tive de ligar para colocar o deputado em contato com o ministro", disse Inocêncio. Segundo o líder, o PFL mereceria um tratamento melhor por ter sido o partido que apresentou o comportamento ``mais correto" na votação das reformas constitucionais no primeiro semestre. ``Ser governo é um ônus, mas também precisa significar bônus." Após a reunião, Inocêncio disse à Folha que não se referiu a nenhum ministro especificamente. ``Nenhum ministro da área econômica nos recebe", comentou o deputado Carlos Alberto, que estava ao lado do líder. Inocêncio não quis confirmar a informação: ``Não sei, não quero julgar. Eu gosto muito do Malan", afirmou o líder do PFL. Texto Anterior: Militar tenta barrar fotógrafo no Planalto Próximo Texto: FHC só ouve conselho ``às vezes", diz Ruth Índice |
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