São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
BC aponta fraude cambial em operação do Econômico
SÔNIA MOSSRI
O desvio ilegal de dinheiro praticado a partir de 1989, quando Calmon de Sá tornou-se o principal acionista do banco Transworld, nas Ilhas Cayman (América Central), pode atingir o equivalente a US$ 1 bilhão, segundo os técnicos que fazem a intervenção. O relatório do interventor do BC deve ficar pronto até a primeira semana de setembro. Procurado por telefone, Calmon de Sá não quis comentar o caso ontem. O BC avalia que já tem indícios de operações irregulares de remessas de recursos para o exterior, sobretudo dinheiro oriundo da venda ilegal do patrimônio do próprio Econômico para escapar da intervenção, praticadas pela gestão Calmon de Sá no banco. A assessoria jurídica do BC avalia que isto já seria suficiente para acionar a diretoria do Econômico por fraude cambial. O presidente Fernando Henrique Cardoso é informado diariamente pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e por Loyola sobre o andamento das investigações. O BC apura que a diretoria do Econômico começou a transferir propriedades pessoais para terceiros, apropriar-se de recursos de acionistas e vender ativos do banco -como participação acionária em outras empresas e imóveis-, antecipando-se à intervenção. No segundo semestre de 94, o Econômico já vivia situação financeira de desequilíbrio que permitiria ao BC decretar a intervenção. A diretoria da instituição teria tempo para se prevenir e escapar da indisponibilidade de bens mediante desvio de recursos para o exterior. Na prática, o BC deseja utilizar o caso Econômico para dar uma demonstração ao mercado financeiro de que, daqui para frente, o governo será mais rápido nos processos de intervenção e liquidação. Segundo Olavo Drummond, ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), uma liquidação completa pode durar até 10 anos. Texto Anterior: Primeira divergência Próximo Texto: Compulsório cai nesta sexta-feira Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |