São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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GM descarta voltar atrás em demissões

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTGEM LOCAL

A General Motors descarta a possibilidade de voltar atrás na decisão, anunciada anteontem, de demitir mais de mil funcionários nas fábricas de São Caetano e São José dos Campos.
“As demissões são uma medida de caráter estrutural, para tornar a empresa mais enxuta. Precisamos diminuir nossos custos”, explica José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos da GM. Ele não soube informar quanto a empresa vai economizar com as dispensas.
A empresa mandou embora 583 trabalhadores da fábrica de São José dos Campos. Em São Caetano perderam o emprego 551 pessoas.
O total de funcionários da GM cai de 23.500 para cerca de 22.400. A montadora, segundo Pinheiro Neto, não planeja novas demissões.
Com os cortes, a produção de veículos cai 12% em São Caetano, onde são montados os modelos Kadett, Monza, Omega e Vectra. De 34 carros por hora, a fábrica passa a montar apenas 30.
Em São José dos Campos, a produção do Corsa (40 unidades por hora) permanece inalterada. As demissões em São José atingiram a parte administrativa e a produção de motores para carros montados em São Caetano.
Pinheiro Neto diz que a existência de grandes estoques de carros também foi fundamental para a decisão de cortar pessoal.
A GM tem atualmente 43 mil veículos estocados (33 mil nas revendas e 10 mil na fábrica).
A falta de prazos maiores de financiamento é responsável, segundo Pinheiro Neto, pela queda nas vendas. Mas, mesmo que o governo amplie esses prazos nos próximos dias, a GM mantém as demissões.
“Só vamos dar garantia de emprego, se tivermos garantia de consumidor”, diz Pinheiro Neto.
Ele afirma que “se o mercado virar”, e for necessário aumentar novamente a produção, a empresa fará novas contratações.
Na avaliação de Pinheiro Neto, a meta da indústria automobilística para este ano -produzir 1,7 milhão de veículos- não será atingida. Ele estima que a produção fique em torno de 1,6 milhão, 5,8% abaixo do objetivo.
Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (federação dos concessionários de veículos), define como “grave” a decisão da GM de demitir funcionários.
Segundo Reze, as demissões significam que a GM acredita em redução do mercado “nos próximos seis a 12 meses”.
(APF)

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