São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Era saúde domina ``Hamlet"

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Desde seu "Romeu e Julieta", de 1968, Franco Zeffirelli ficou com a fama de especialista em Shakespeare, para efeito de indústria cultural.
Isso significa, grosso modo, que é capaz de fazer um filme baseado no dramaturgo inglês render os tubos. Essa é, no fundo, a lógica que orienta "Hamlet" (Globo, 0h).
A história, bem conhecida, diz respeito ao príncipe dinamarquês -o Hamlet do título- disposto a vingar a morte do pai. Sua ira dirige-se contra Claudius (Alan Bates), que, após matar o irmão, casa com a mãe de Hamlet (Glenn Close). Claudius é, portanto, falso pai e falso rei. É a putrefação do reino de Dinamarca em pessoa.
Mel "Mad Max" Gibson cria o Hamlet da era saúde. Pode não ser o melhor intérprete do mais célebre personagem teatral (talvez personagem em geral) da era cristã. Mas é o mais forçudo, o mais físico.
Não é isso que incomoda, embora Franco Zeffirelli pudesse nos poupar desse Gibson oxigenado. Existe ainda uma direção de arte toda orientada para a suntuosidade, para a composição de cenários e figurinos agradáveis à vista.
Para estar perfeito, só faltava Hamlet, a horas tantas, pedir um suco de melancia. Na verdade, o que se procura é extrair, de um texto de prestígio, o máximo de luxo, aventura e, se possível, lucro. E provar, de algum modo, que "Hamlet" é indestrutível.
(IA)

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