São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Show revela músicas raras dos anos 20 a 40

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Artistas: Ney Matogrosso, Zizi Possi, Paulo Moura, Wagner Tiso, Carlinhos Vergueiro e outros.
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Pompéia, zona oeste, tel. 011/864-8544)
Quando: De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h.
Quanto: R$ 15 (visitantes), R$ 14 (usuários com carteirinha) e R$ 7,50 (comerciários e estudantes com carteirinha da UNE, Umes e Ubes)

Quem gosta de tesouros da MPB não pode deixar de ir ao Sesc Pompéia ver o show ``Raros e Inéditos", de quinta a domingo, que traz 21 músicas dos principais compositores da década de 20 a 40 que tinham se perdido no tempo.
O espetáculo reúne músicas inéditas ou que só tiveram uma gravação. São composições de mestres como Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha, Francisco Alves, Zequinha de Abreu, Francisco Mignone, Sinhô e Canhoto.
Elas vão ganhar vida na voz de Ney Matogrosso, Zizi Possi, Carlinhos Vergueiro e Virgínia Rosa, com arranjos de Paulo Moura, Wagner Tiso, Roberto Sion, Marco Pereira e Amilson Godoy.

Garimpo
As músicas (veja quadro ao abaixo) foram desenterradas depois de uma pesquisa de cinco anos para resgatar composições inéditas ou desconhecidas.
``O repertório está localizado entre as décadas de 20 e 40 porque a partir desse momento a indústria fonográfica se expandiu e o acervo ficou bem conhecido", diz o produtor cultural Newton Cunha, autor do projeto.
Ao todo, foram descobertas cerca de 400 músicas. Várias seleções foram feitas até chegar às 21 músicas do show.
``Queríamos dar um panorama musical daquela época sem que nenhum gênero ficasse de fora", explica o crítico Zuza Homem de Mello, diretor do espetáculo.
O show reflete essa diversidade, com estilos como maxixe, fox, toada, canção e valsa.
Entre as músicas há preciosidades. É o caso de ``Bianca", valsa inédita de Pixinguinha com letra em espanhol. Ou da valsa instrumental ``Coca", escrita sob pseudônimo por Francisco Mignone.
``As músicas têm umas letras bem ingênuas, uma característica da época, mas, em geral, as melodias são mais elegantes do que as que são feitas hoje em dia", avalia Mello.
Os arranjadores tentaram ser fiéis às composições originais. Algumas delas nem partitura tinham.
``Não tive intenção de modernizar nada. Essas músicas têm uma rítmica própria da época que não pode ser mudada para não descaracterizá-la. Senão perde a graça", afirma o clarinetista Paulo Moura.
Os intérpretes foram selecionados de forma a não alterar a essência original.
``Foram escolhidos cantores que poderiam dar conta do recado sem falsificar o espírito da criação original. Sem aparecer mais do que a própria música", diz Mello.
Zizi Possi foi convidada há um ano e aceitou imediatamente.
``Nem sempre o que faz sucesso é o melhor. É ótimo poder conhecer o que não foi gravado de Pixinguinha. É uma viagem no tempo gostosa e enriquecedora.", diz.
Ney Matogrosso afirma que as composições ``são lindas". Só confessava arrependimento pelas músicas escolhidas por ele para interpretar.
``Peguei as mais difíceis", reclama o cantor.
Para que não se corra o risco de esquecer as músicas novamente, o espetáculo será gravado.
E duas gravadoras já demonstraram interesse em transformar o show em disco.

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