São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Pela negociação

Desde o fim da Guerra Fria e do ideário comunista, o mito das transformações políticas por meio de confrontos armados parece estar pouco a pouco com seus dias contados. Manifesta-se porém ainda em movimentos regionais, testando o alcance de soluções democraticamente negociadas.
A sucessão de atentados atribuídos à resistência de grupos islâmicos radicais, como o ocorrido em Jerusalém nesta semana, aposta ingenuamente numa estratégia que se mostrou incapaz de estabelecer soluções minimamente duradouras para o Oriente Médio.
Por outro lado, as concessões feitas por Israel, desde o acordo de paz firmado com a OLP em 1993, sofrem forte oposição interna do partido direitista Likud e têm sido acompanhadas por manifestações igualmente deploráveis, como o massacre de palestinos em Hebron, 1994. Aposta-se aqui também numa ordem inflexível e, portanto, numa solução que até agora se revelou bastante convidativa a novas intervenções terroristas.
Desta vez porém há claros indícios de que felizmente não será alterado o rumo das negociações em curso para a concessão de autonomia aos palestinos na faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Possível ponto de detenção do pêndulo que tem oscilado entre radicalismos e precárias simulações de ordem, a criação do Estado palestino encontrará seus alicerces em decisões diplomaticamente negociadas, capazes de produzir o desgaste das tradicionais e infelizes opções pela violência na região.

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