São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Colômbia discute julgamento aberto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição colombiana pediu ontem que os depoimentos do processo contra o presidente Ernesto Samper sejam abertos ao público.
Samper está sendo investigado por ter supostamente recebido dinheiro de traficantes durante sua campanha eleitoral, no ano passado. Ele pode ir a julgamento e perder o cargo.
A proposta desagradou os parlamentares do Partido Liberal (do governo), que acham que os debates públicos quebrariam o sigilo necessário às investigações.
O governo anunciou que, nos próximos dez dias, Samper deve enviar uma mensagem "livre e espontânea" ao Congresso com relação às acusações, o que não deve evitar seu depoimento.
O presidente da Comissão da Câmara encarregada das apurações, Heyne Mogollón, anunciou ser contrário à abertura dos debates. "Não sou a favor da `justiça-espetáculo'", disse.
O senador liberal Carlos Corssi disse em discurso que "suspender a reserva seria submeter o presidente à justiça popular e expô-lo a uma decapitação moral". A declaração reflete o clima defensivo adotado pelos governistas.
Samper foi à televisão dizer que cometeu erros na designação de seus colaboradores eleitorais, mas manteve suas declarações de que é inocente. Foi graças à denúncia de um dos assessores, o antiquário Santiago Medina, ex-tesoureiro de campanha, que a crise começou.
Medina disse ter recebido dinheiro dos traficantes do cartel de Cali. Dias depois, uma gravação telefônica ligou o próprio Samper ao cartel. Samper considerou a escolha de Medina uma falha.
Ontem, Monica de Greiff, que era tesoureira da campanha antes de Medina, prestou depoimento secreto no Congresso. Os parlamentares não divulgaram detalhes.
Anteontem, o publicitário Mauricio Montejo Salgar disse ter recebido do cartel de Cali US$ 238 mil correspondentes a uma dívida de campanha de Samper. O pagamento não teria passado pela contabilidade oficial da campanha de Samper. Montejo Salgar depôs anteontem no Congresso.
Apesar da crise, Samper anunciou que manterá seus planos de ir ao Equador, no mês que vem, participar das cúpulas do Grupo do Rio e do Pacto Andino.
A Justiça confirmou ontem em Bogotá (a capital) que serão julgados 17 acusados de uma chacina de 35 pessoas no noroeste do país, ocorrida no começo do ano.
Eles podem sofrer os efeitos do estado de emergência decretado por Samper na semana
passada, que eleva as penas de terroristas.

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