São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Gene suicida é usado para atacar câncer

ANDY COGHLAN
DA "NEW SCIENTIST"

O crescimento de câncer no fígado de camundongos pode ser dramaticamente reduzido por uma forma experimental de terapia genética que faz as células cancerosas se suicidarem.
Os pesquisadores esperam adaptar a técnica para pessoas com câncer, mantendo o fígado livre de tumores secundários que são normalmente fatais.
Bob Tepper, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), desenvolveu e melhorou uma técnica que introduz "genes suicidas" em células cancerosas.
Os genes produzem proteínas que marcam as células e muitas de suas vizinhas imediatas para destruição pelo sistema de defesa do organismo.
A proteína, chamada citocina, foi testada como droga injetável contra câncer. Os pesquisadores também tentaram usar vírus para "entregar" genes suicidas às células tumorais. Mas ambas abordagens encontram obstáculos.
As citocinas injetadas não são específicas para dirigir o sistema imune exclusivamente contra células tumorais, enquanto o sistema baseado no vírus falhou em transferir os genes da proteína.
Tepper e seus colegas injetaram agora células que serviram para cultura do vírus em camundongos. Na média, as células levaram os genes da citocina para cerca de 5% a 10% das células tumorais no fígado do animal.
Tepper diz que essa taxa de transferência seria efetiva contra o câncer, porque o sistema imune destruirá não apenas qualquer célula que produza citocina, mas também todas as suas vizinhas.
Nos camundongos, a terapia reduziu com sucesso alguns dos cânceres secundários induzidos artificialmente. "Em alguns casos, houve uma regressão quase completa do câncer", diz Tepper.
Ele especula que uma das razões para a melhor transferência é a tendência das células a se alojar em pequenos vasos sanguíneos em torno do tumor.
Um possível problema para a técnica é que as células tumorais se dividem mais devagar em humanos que em camundongos. Os vírus só infectam células que se dividem rapidamente, o que permite que ataquem as células tumorais e ignorem as sadias.
Isso implica que os vírus podem não ser tão seletivos em humanos quanto em camundongos. Também não se sabe se as células protegeriam contra células de outras partes do corpo.

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