São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Coca-Cola tenta emplacar 'patinho feio'

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

Neil Ferreira, 31 anos de profissão, quase não pôde acreditar no que ouviu quando se reuniu com a diretoria da Coca-Cola para tratar da nova campanha publicitária da empresa.
A marca mais conhecida em todo o mundo queria um anúncio para reabilitar um produto rejeitado pelo consumidor.
O resultado foi levado ao ar ontem. As redes de televisão do país exibiram pela primeira vez o comercial do novo guaraná Taí. Novo sabor, nova embalagem e, claro, publicidade nova para convencer o consumidor de que o sabor mudou de verdade.
O filme -uma versão de 45 segundos pronta e outra de 30 segundos a concluir- trata do ``complexo de rejeição" do guaraná, ``lanterninha" entre as grandes marcas do mercado.
O resultado é um desenho animado bem-humorado, de traço fino e agressivo, que parodia a história do ``Patinho Feio", conto do escritor norueguês Hans Christian Andersen no qual um cisne nasce num ninho de patos e é considerado feio pelos ``irmãos" até crescer e se revelar o mais belo.
O guaraná da Coca encarna o papel do ``feio" no filme criado pela agência DPZ, sob a coordenação de Neil, e executado pela produtora Vetor Zero.
A peça, produzida no tempo recorde de três semanas -``quando normalmente se levaria oito"-, é parte do investimento em mídia de US$ 3,5 milhões da Coca-Cola do Brasil na recuperação do Taí.
A idéia do ``patinho feio" começou a amadurecer depois de seis horas de reunião com a equipe de marketing da Coca-Cola, no Rio, numa sexta-feira.
Na segunda-feira seguinte, o publicitário reuniu a equipe, expôs o problema e dali surgiram 16 linhas de trabalho diferentes. De uma delas, emergia a figura do ``patinho", tradução do diagnóstico feito pela própria Coca-Cola.
O tratamento do ``complexo de rejeição" do guaraná continua. A DPZ tem três roteiros já aprovados pela Coca-Cola -mas ainda sem orçamento- para execução.
A escolha do filme vai se basear no resultado da campanha. ``Se der certo ou não, já sabemos para onde ir", diz.
A briga é por alguns pontos a mais do mercado -cujo faturamento para este ano é estimado em US$ 3,1 bilhões, com venda de 4,6 bilhões de litros (perto de 31 litros para cada brasileiro).
O objetivo da Coca-Cola é saltar de 3% para 8% no mercado de guaraná -sabor responsável por 20% das vendas de refrigerantes.
A concorrência também aposta no sabor guaraná. Os números mostram que o mercado pode encerrar em 1995 com 4,6 bilhões de litros consumidos -1 bilhão de litros a mais que em 1994.

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