São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995 |
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Vamos aos estádios com camisa branca Iniciamos mais uma campanha MARCELO FROMER; NANDO REIS
Não dá mais para fugir, não há mais chances de ignorar a realidade. Se nada for feito para reverter esse quadro, o torcedor está fadado à extinção. Depois de ouvirmos, por uma semana inteira, todas as espécies de análises e comentários que tentam desvendar o por que das coisas terem chegado a esse ponto, percebemos que isso pouco adianta para acabar com a nossa perplexidade. É preciso, sim, levar em conta todos esses fatores levantados, selecioná-los à luz da razão, cercarmo-nos das medidas de segurança cabíveis e dar o pontapé inicial de uma nova era. É fato que qualquer atitude dessa natureza só terá eficácia se contar com a participação e a colaboração de todos os elos envolvidos nessa curiosa corrente. Ou seja, dirigentes, jornalistas, jogadores, policiais e torcedores. Não acreditamos que uma solução puramente policialesca venha a resolver o problema em sua raiz. É preciso que o torcedor volte a torcer, volte a ter direito de acesso ao estádio. Por isso sugerimos que o primeiro grande clássico paulista do Campeonato Brasileiro deste ano seja jogado no Pacaembu, com os portões abertos, sem a cobrança de ingresso, pois só entrará no estádio quem estiver vestindo uma camiseta branca. Como símbolo máximo da paz, o branco da camiseta representaria o desarmamento do espírito belicoso do torcedor. Num grande jogo simbólico, marcaríamos o início de uma nova época, que virá seguida de medidas rigorosas de revista, interrupção da venda de bebidas alcoólicas por prazo indeterminado, policiais mais instruídos para fazer a segurança desse evento. Enfim, das medidas necessárias que deverão surgir de uma discussão mais ampla e abrangente para resgatar a principal forma de lazer dos amantes do esporte: ir ao estádio. Gostaríamos de dar início aqui a uma grande campanha que deverá mobilizar toda a sociedade interessada em preservar um de seus grandes valores culturais: o futebol. É preciso desarmar os espíritos e abrir mão da vaidade para que, num gesto simbólico, num jogo simbólico voltemos a ter confiança em nós mesmos, simples seres humanos. Cartas para esta coluna podem ser enviadas à Editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900 Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs Texto Anterior: Pilotos vivem situações dramáticas na pista Próximo Texto: Roberto Carlos leva a Inter à vitória na Itália Índice |
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