São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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O grande lance foi a goleada do Vasco

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O grande lance da rodada deste fim-de-semana, sem dúvida, foi a goleada pespegada pelo Vasco, numa virada eletrizante, sobre o Santos, em plena Vila, no sábado.
Sim, porque o Santos saiu na frente, e, em menos de cinco minutos, já vencia por 2 a 0, quando o Vasco começou a se rearticular, a partir do finalzinho do primeiro tempo, para concluir o jogo com uma goleada de 5 a 3.
Mais que isso: revelou-nos um atacante habilidoso e oportunista, garoto ainda, vindo do Recife, o centroavante Leonardo. Quer dizer: um centroavante rápido, que sai da área para buscar jogo, uma espécie de Tupãzinho, o saudoso, da velha Academia do Palmeiras, só que destro.
Aliás, sou capaz de apostar que foi a presença de Leonardo no ataque que reviveu Valdir, menino que andava apagado, depois de um despertar radioso há uns dois anos. Tanto, que cada um fez dois gols. Um deles, o de Valdir, de placa.
Quanto ao Santos, segue pagando as penas de ter uma defesa esburacada e um goleiro instável.
Já o Palmeiras, lá em Curitiba, pagou o preço do excesso de zelo do seu treinador, que preferiu armar-se com um meio-campo coalhado de defensores, com Mancuso, Flávio Conceição, Amaral e Cafu, este o único com força e talento para atacar, nunca para organizar as jogadas de ataque.
E foi justamente a expulsão de Cafu que drenou as energias ofensivas do time paulista e permitiu que o Paraná fizesse o gol da vitória.
É preciso que Rivaldo seja logo reintegrado ao elenco e que o Palmeiras jogue com a postura e a alma de um verdadeiro campeão.
A propósito, foi o que faltou ao tricolor na sua estréia, ontem, contra o Atlético-MG, no pífio empate de 1 a 1, num Morumbi às pombas, para ser mais preciso do que às moscas: alma.
Juninho, sua maior estrela, por exemplo, dava a nítida sensação que antes de cada jogada dava um longo bocejo.
Em contrapartida, ouso dizer que vi em campo um futuro craque; o garoto Cairo, que entrou no segundo tempo para criar as condições de o Atlético empatar.
Alto, elegante, inteligente, habilidoso, fez-me lembrar do Raí dos bons tempos. Entrou no meio-campo, mudou o ritmo da partida, dominou o setor e conduziu seu time, praticamente derrotado, quase à vitória.
Enquanto isso, a Lusa, no Parque Antarctica, mesmo com um time remontado à última hora, conseguia safar-se, virando sobre o Goiás, um time sem brilho, mas tinhoso.
Quem não conseguiu dar a volta por cima foi o time das viradas, o Corinthians, que somou a segunda derrota da semana, diante do Cruzeiro, depois de ter tomado um passeio do Guarani, na última quinta-feira.
Peligra la patria, se querem saber.
Mas não posso pingar o ponto final nesta crônica, sem exaltar a jogada que acabo de ver pela TV: Edmundo e Romário, tabelando na área do Bragantino; Romário passa por um, mete a bola no meio das pernas de outro, desloca o goleiro, e, pura maldição!, bola na trave. Apenas um rascunho do que esse ataque, formado por Edmundo, Romário e Sávio, é capaz de fazer, se resolver jogar pra valer.

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