São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Curtas resumem século do cinema

Folha realiza debate sobre centenário

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Organizado pelo Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand (França), o insuperável e didático ciclo ``Um Século em Curtas" passa nesta semana por São Paulo, numa versão reduzida com 30 de seus cem filmes.
É um autêntico supletivo da história do cinema que pode se fazer até domingo no MIS e no Espaço Banco Nacional de Cinema.
Os irmãos Lumière assinam o primeiro título: ``Le Chalet du Cycle" (Circa 1895). Seguem-se os arquitetos da linguagem do espetáculo cinematográfico, de Georges Méliès a Edwin S. Porter e, mestre dos mestres, David Wark Griffith. Charles Chaplin, naturalmente, representa o ápice das comédias mudas, enquanto o raro ``Suspense" (1913), de Lois Weber e Philips Smalley, estabelece as bases do filme policial.
O período entre guerras confirma o curta-metragem como formato privilegiado para a experimentação. ``Um Cão Andaluz" (1929) de Buñuel e Dali simboliza a vanguarda surrealista, ``Douro, Faina Fluvial" (1931) de Manoel de Oliveira insere-se entre as elegias urbanas, ``Correio Noturno" (1936) de Basil Wright e Harry Wyatt mostra a naturalidade da escola documentarista britânica.
Maya Deren renova a cena americana em 1943 com o onírico ``Malhas da Tarde", enquanto Norman McLaren revoluciona o curta de animação com títulos como ``Blinkity Blank" (1955).
A explosão criativa planetária entre 1955 e 1965 com os ``cinemas novos" mais uma vez despontou no formato. É desta fase o primeiro representante brasileiro no ciclo, ``Couro de Gato" (1962) de Joaquim Pedro de Andrade.
O leve refluxo criativo dos anos 70 será quebrado por neo-experimentalistas como Zbigniew Rybczinski, que pioneiramente vai estreitar os laços entre o cinema e vídeo, e pelo fortalecimento de escolas de animação como a canadense (Caroline Leaf).
Desde os anos 80 o curta vive uma nova primavera, impulsionado pela revolução tecnológica na produção, distribuição e exibição do audiovisual.
O brasileiro Jorge Furtado renova o cinema de cunho social com ``Ilha das Flores" (1989), o sueco Roy Anderson cria um universo claustrofóbico e apocalíptico que encanta até Bergman, a África amplia sua presença (``Denko", 1962), Nick Park consagra-se como o novo mestre da animação com ``The Wrong Trousers" (1993).
As lições do passado do formato para o futuro do audiovisual são o tema central do debate ``Um Século de Curtas", que a Folha realiza amanhã às 19h30, no auditório do jornal, com a presença de um dos organizadores do belo ciclo de Clermont-Ferrand, Georges Bollon, e dos realizadores Jorge Furtado (Brasil), Torben Jensen (Dinamarca) e Jay Rosenblat (EUA). Apareça.

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