São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Evolução saudável; Saudades da revista; Inveja; Aleitamento materno; Desprotegidas; Oposição vigilante; Caso Escola de Base

Evolução saudável
``Sou aluno da Fundação Getúlio Vargas, tenho 19 anos e há algum tempo acompanho a evolução qualitativa da Folha. A forma de diagramação do jornal é sem dúvida um dos pontos fortes: textos concisos em uma linguagem simples e muito longe de cair na vulgaridade. Os gráficos do Datafolha realçando as notícias mais relevantes tiram o jornal da monotonia, elemento fundamental nem sempre reconhecido pela concorrência. Além disso, conta com uma belíssima equipe, com presenças fundamentais como Clóvis Rossi, Josias de Souza, Luís Nassif, além das presenças de profissionais formados não-exatamente para a produção jornalística em si, cujas opiniões e modos de expressão muitas vezes superam uma complementação das notícias, como é o caso do cartunista Angeli, do cineasta Arnaldo Jabor e também José `Macaco' Simão. Acredito ser extremamente importante o espaço aberto para a seção `Tendências/Debates', colocando em pauta temas de relevância no cenário nacional e internacional. Para superar um de seus pontos fracos, o caderno de Esportes, parabenizo a `compra do passe' do excelente articulista Juca Kfouri e as presenças de Alberto Helena Jr., Telê Santana e Matinas Suzuki Jr. Apenas lamento que o resultado de jogos de futebol realizados no sábado não recebam atenção no domingo. Espero que o alto nível do jornal continue sendo elevado pelas constantes melhorias que vêm sendo realizadas para que possamos continuar a nos servir deste grande meio de comunicação."
Ivan R. Rizzo Dias (São Paulo, SP)

Saudades da revista
``A Folha está agindo de forma injusta e discriminatória suspendendo a distribuição da revista dominical nas regiões próximas a São Paulo e Baixada Santista. Essa revista não nos sai de graça. Nós, os assinantes, pagamos por ela e temos o direito de recebê-la. Sinto-me desrespeitada e lesada em meus direitos. Sem falar que já vinha recebendo a edição nacional da dita revista morando a dez minutos de São Paulo."
Vilani Maria de Pádua (Osasco, SP)

Nota da Redação - É realmente dolorosa a suspensão da distribuição de parte da Revista da Folha. É preciso esclarecer, no entanto, que o jornal nunca cobrou a revista do leitor, produto sustentado somente pelos anunciantes.

Inveja
``Sou fotógrafo, e a foto de Adriane Galisteu não feriu minha visão. Pode sim ferir minha inveja de não ser eu o fotógrafo e não ter ido à Grécia com esse mulherão."
Ary Brandi (São Paulo, SP)

Aleitamento materno
``Nós, enfermeiras do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, da Divisão de Enfermagem Materno-Infantil, queremos externar a nossa indignação frente à reportagem `Curso pretende elevar tempo de amamentação', publicado em 12/8, pág. 3-4, onde a psicóloga Lucia Lara atribui aos profissionais de saúde a responsabilidade pelo insucesso do aleitamento materno enfatizando que as enfermeiras recomendam o leite em pó em vez do leite do peito. Salientamos que nesta instituição é desenvolvido um programa de incentivo ao aleitamento materno desde a implantação do Sistema Alojamento Conjunto, há 14 anos, e que atualmente está em processo de engajamento ao Projeto Hospital Amigo da Criança da Unicef, onde o requisito básico é o aleitamento materno exclusivo. Acreditamos, ainda, que o desmame precoce não está associado apenas à atuação dos profissionais de saúde e sim a crenças profundamente arraigadas, ao conteúdo das propagandas de produtos oferecidos no mercado e muitas vezes pela incapacidade de a mãe compatibilizar a amamentação com a vida profissional."
Marta Maria Melleiro, diretora da Divisão de Enfermagem Materno-Infantil do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Desprotegidas
``Suzana Singer em `Desprotegidas em Pequim' (15/8), ao analisar a lei de cotas proposta pelas parlamentares brasileiras, não leva em conta que em outros países essa ação afirmativa garantiu não só quantidade, mas qualidade na visão legislativa."
Marilu André (São Paulo, SP)

Oposição vigilante
``Em resposta à nota publicada pelo `Painel' (`Oposição virtual') no último dia 11/8, esclarecemos que em nenhum momento os representantes dos trabalhadores das telecomunicações deixaram de acompanhar os desdobramentos das votações das emendas do setor tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal. Na data da votação da emenda da quebra do monopólio estatal das telecomunicações estivemos presentes e, infelizmente, assistimos estarrecidos ao jogo previamente montado contra o monopólio de um dos maiores patrimônios nacionais. Nossa luta em defesa das telecomunicações tem sido travada tanto dentro das instituições públicas, com o governo e parlamentares, quanto com a sociedade. A realidade é que as articulações feitas dentro do Congresso Nacional e com o governo federal já haviam delineado o resultado que foi confirmado no último dia 10, com a votação da última emenda no Senado Federal."
Luis Carlos Souza Januário, diretor de imprensa da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações (Brasília, DF)

Caso Escola de Base
``Tomamos conhecimento da realização do evento `Ética no jornalismo -o caso Escola de Base' e, constatando que não havia representante dos direitos das crianças, prontificamo-nos a participar do debate, juntamente com o conselheiro tutelar José Roberto, do Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente. Qual não foi a nossa surpresa ao constatarmos a total ignorância a respeito do Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA (lei federal 8.069), pois o ombudsman pronunciou-se favorável à punição por meio de multas, como se isso já não estivesse previsto no ECA. Também o advogado da Folha desconsiderou o ECA, alegando que `... o Conselho Tutelar só interfere nos casos em que a criança comete um ato infracional ou na promoção social...' e, em outra intervenção, disse que a identificação das crianças não constitui infração às normas do ECA. O sr. Pedicini, na tentativa de desqualificar as acusações, mostrou fotos das crianças, o que consideramos infração tipificada nos artigos 17 e 18 do ECA. Pouco antes do encerramento um jornalista da Rede Globo pediu a palavra para rebater as críticas que lhe eram atribuídas e levantou a seguinte questão: `Houve ou não houve um crime?' No nosso entendimento houve várias infrações: 1) Todas as suspeitas ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais (art. 13); 2) Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (art. 5); 3) O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (art. 17); 4) É dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18). Mesmo que a infração não seja atribuída à criança, a sua identidade deve ser preservada, pois a sua identificação constituirá dupla violação de direito: a violação primeira e a publicidade de sua identidade, que obviamente prejudicará a sua recuperação do trauma sofrido."
Mauro Alves da Silva, diretor-presidente do Grêmio S.E.R. Sudeste (São Paulo, SP)

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