São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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Tratores estão parados nos campos de Itapeva

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Hilco Rabbers, 35, nem sequer iniciou o preparo da terra para o plantio de feijão carioquinha em sua fazenda Postinho, em Itapeva (270 km a oeste de São Paulo).
O plantio deveria ter começado no último dia 15, mas o mato ainda cobre a área de 100 ha destinada à produção de 180 t de feijão.
Quatro tratores e duas plantadeiras estão parados.
Ele diz que não tem os R$ 60 mil que necessita para comprar 6 t de sementes e as 25 t de adubo para o plantio.
Para conseguir crédito no Banco do Brasil, ele precisa antes pagar 70% de sua dívida de R$ 65 mil da safra passada e renegociar os 30% restantes, de acordo com as regras estabelecidas pelo Governo.
Hilco diz que não tem dinheiro para cumprir estas condições. ``Só posso pagar 40% e renegociar 60%".
Como o banco não aceita sua proposta, ele prevê duas alternativas para os R$ 30 mil de que dispõe: plantar metade da área com feijão ou substituir tudo por soja, cujo custo de plantio é menor.
Na fazenda Barroso, de Eltje Jan Rabbers, 39, primo de Hilco, em Itararé (340 km a oeste de São Paulo), os galpões para estoque de sementes e adubos também estão vazios e os cinco tratores parados.
Eltje Jan planta feijão há 21 anos e é um dos maiores produtores da região, com uma área plantada que atinge 230 ha.
Ele precisa de R$ 115 mil para a compra de 16 t de sementes e 95 t de adubo.
``Estou tentando um empréstimo no Banco do Brasil. Há um mês, paguei 70% dos R$ 136 mil que devia e renegociei o restante para pagamento em dois anos", diz o agricultor.
Mesmo assim, ele não conseguiu um novo financiamento.``Na agência, dizem que estão estudando o caso", afirma Eltje Jan.
Na Comercial Sul Paraná, loja de insumos agrícolas em Itapeva, o movimento diário de clientes caiu de 60 para 4, diz Wlamir Carone, gerente de vendas.
``Já deveríamos ter vendido 50 t de sementes de feijão. Mas só vendemos 4 t", afirma. No caso dos fertilizantes, as vendas alcançaram metade das 500 t normais.

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