São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995 |
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Senado estuda restrição à venda da Vale do Rio Doce
GUILHERME EVELIN; RAQUEL ULHÔA
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é um dos principais articuladores da aprovação do projeto, de autoria do senador José Eduardo Dutra (PT-SE), geólogo licenciado da Vale. ``Mais do que uma companhia de mineração, a Vale é uma agência de desenvolvimento social e não opera em setor monopolista. Não vejo motivo para que dêem prioridade à Vale em um programa de privatização", disse Sarney ontem. Interesses regionais Os interesses regionais, mais do que a oposição ideológica à privatização das estatais, estão fazendo o projeto de Dutra avançar. Por causa destes interesses, senadores governistas estão relegando compromissos com o Palácio do Planalto e até com programas partidários. Embora o PFL seja o maior crítico da lentidão do programa de privatização do governo, o senador Edison Lobão (PFL-MA) disse ontem que é contra a venda da Vale e a favor do projeto de Dutra. ``O susbolo da Vale não foi suficientemente explorado. Se a empresa for vendida, não saberemos o que estaremos negociando", disse Lobão. O Maranhão é um dos nove Estados onde a Vale tem projetos em execução e distribui recursos do seu fundo de desenvolvimento para municípios. Os três senadores do Pará, onde a Vale executa o Projeto Carajás, também são contra a privatização da empresa. O líder do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), avisou ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro do Planejamento, José Serra, que o Congresso é contra a venda da estatal. Barbalho disse que a única chance de que a privatização seja aprovada pelos parlamentares seria a criação de um fundo de desenvolvimento nacional para aplicação dos recursos obtidos. Na sexta-feira, o porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, afirmou que o governo não pretende criar um fundo específico para destinar os recursos obtidos com a venda da empresa. A Vale foi incluída este ano pelo governo no programa de desestatização. A estatal é a maior empresa de minério de ferro do mundo e a maior produtora de ouro da América Latina. Foi criada há 52 anos e hoje representa um conglomerado de 14 empresas e 26 coligadas. No ano passado, ela teve um lucro líquido de mais de US$ 600 milhões. Texto Anterior: "Carteiraço" Próximo Texto: Governo tenta facilitar negócio Índice |
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