São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidiária acusa 3 policiais por tortura

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A presidiária Lindalva Tereza dos Prazeres, 51, reconheceu ontem à noite a sala da antiga DAS (Divisão Anti-Sequestros) onde afirma ter visto, em agosto de 1993, agonizante, o funcionário da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Jorge Carelli.
Ao delegado José William de Medeiros -presidente do inquérito que apura novos fatos sobre o sumiço de Carelli-, Lindalva disse que no local funcionava ``a sala de tortura" da DAS.
O delegado qualificou como ``categórico" e ``muito firme" o o depoimento da presidiária. No prédio onde ficava a DAS funciona hoje a DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil. A suposta sala de torturas é usada hoje como depósito de entorpecentes apreendidos.
Através de exame de fotografias, Lindalva diz que reconheceu três policiais que teriam torturado a ela e a Carelli na sala: os detetives Paulo Roberto Madeira, Paulo Roberto da Silva Adolfo Hurst e Guacy Raposo.
Lindalva citou mais policiais que teriam praticado torturas e espancamentos. Os nomes que citou são Álvaro, Sérgio, Guerra, Placídio, Paulo, Ninja e Armando.
Os policiais citados deverão ser afastados. O corregedor da Polícia Civil, delegado Luiz Gonzaga Costa, disse que eles poderão ter a prisão preventiva decretada.
Carelli desapareceu em agosto de 93, aos 30 anos. Colegas da Fiocruz dizem que ele foi sequestrado na favela da Varginha (zona norte) por policiais da DAS.
Na semana passada, a presidiária disse a promotores da Procuradoria Geral de Justiça ter visto Carelli ensanguentado na ``sala de torturas" da ex-DAS.
O corregedor disse que o inquérito aberto para investigar as novas informações poderá resultar no indiciamento dos acusados pelos crimes de tortura, assassinato e ocultação de cadáver.
O primeiro inquérito que investigou o sumiço de Carelli incriminou 22 policiais da DAS pela prática de sequestro. Todos foram absolvidos pela Justiça.
A família de Carelli manifestou ontem, através do advogado Marcio Donnici, ``indignação" com os procedimentos adotados pela Polícia Civil nas novas investigações sobre o caso.

Texto Anterior: Irmão de Romário é acusado de sequestro
Próximo Texto: Presos são flagrados em passeio não-autorizado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.