São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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A Usiminas continua pública

LUÍS NASSIF

No final de semana passado, a Usiminas foi indicada como empresa do ano pela publicação ``Maiores e Melhores" da revista ``Exame". Nenhuma surpresa pela boa performance. Enquanto estatal, a siderúrgica não sofreu do grau de contaminação política que acometeu outras empresas. E sempre gozou de boa reputação técnica. Privatizada, ganhou flexibilidade gerencial.
O que poderá impressionar os leigos -especialmente os espíritos mais críticos da privatização- é que, privatizada, a empresa continuou impregnada do que se poderia chamar de ``espírito público".
Na cerimônia de premiação, o discurso de seu presidente, Rinaldo Campos Soares, foi significativo. Como executivo, exaltou os planos de investimento e os programas de produtividade. Como homem público, analisou a estratégia do país e o papel da Usiminas como agente econômico e promotor de bem-estar social.
O que significa isso tudo? Que uma grande empresa não é simplesmente seu controlador. Uma empresa é um universo cultural, com princípios que se consolidam ao longo de sua história. E todos os seus valores positivos tendem a ser preservados se o sistema de controle for pulverizado, separando adequadamente a propriedade da gestão e impedindo que o controlador tente impor seus interesses particulares sobre os interesses gerais da companhia.
Quatro anos após a privatização, a Usiminas ampliou seus compromissos sociais. Manteve os programas ambientais, o hospital Fundação São Francisco Xavier, com mais de 400 leitos, os colégios que abrigam mais de 3.000 alunos, os 18 clubes sociais que instalou em Ipatinga, os planos de complementação de aposentadoria, a cooperativa de consumo e um respeito pelo emprego que herdou não de seu lado estatal, mas de sua parte japonesa. E ainda criou o Instituto Cultural Usiminas, com o objetivo de financiar projetos culturais.
No ano passado, além de todos os investimentos sociais, recolheu aos cofres do Estado US$ 268 milhões em impostos.
Seu lucro, que em 1991 foi de US$ 11,3 milhões, saltou para US$ 422 milhões em 1993. Parte dele foi transformada em impostos, parte ajudou a garantir a complementação de aposentadoria de milhares de cotistas de fundos de pensão, seus acionistas, e parte irá direto para novos investimentos, cerca de US$ 430 milhões neste ano (contra uma média histórica de US$ 100 milhões), que gerarão mais receita e mais empregos.
Tudo isso foi possível porque a Usiminas tornou-se uma sociedade anônima autêntica. Não há a figura do dono. Seu controle está dividido entre fundos de pensão (26,82%), bancos (23,42%), distribuidores de aço (4,38%) e outros investidores.
Quatro anos depois, a Usiminas (e demais empresas privatizadas) continua cumprindo cada vez mais com sua função social. E continua sendo uma grande empresa mineira e brasileira.

Credireal
Ontem, o governo de Minas assinou com a Salomon Brothers a contratação de uma consultoria externa para preparar a privatização do Credireal. Até o final de fevereiro, o Credireal deverá estar privatizado.

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