São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mãe é mãe

JUCA KFOURI

Entrevistada na rádio Gaúcha momentos antes de o Grêmio enfrentar o Nacional colombiano, na semana passada, dona Ceci, mãe do técnico Luiz Felipe, mandou um recado mais que direto ao filho: ``Aperta eles, filho".
Angelical quando seu time não está em campo, o próprio técnico pergunta: ``Como é que vocês querem que meu time jogue diferente, se até minha mãe estimula o estilo forte que adotamos?".
Está em voga acusar o quase bicampeão da Libertadores de violento. E mesmo os que discordam concedem que o tricolor está longe der ser um time dos sonhos.
Uma simples comparação com aquele Grêmio campeão mundial de 1983 parece dar razão aos que não gostam do elenco atual.
Aquele tinha craques como De León, Paulo César Caju, Mário Sérgio, Tarciso e, sobretudo, Renato, no esplendor de seus 21 anos. Não há como negar. O time que provou ser a Terra azul, como já tinha dito o astronauta russo Yuri Gagarin, era bem superior ao atual.
Mas o Grêmio de hoje em dia não é medíocre. Equipes medíocres não fazem a exibição da última quarta-feira, no Olímpico, quando os 3 a 1 não refletiram o que foi a partida, além de o Grêmio ter sido prejudicado pela inexplicável anulação de um gol que o deixaria ainda mais perto de trazer a taça de volta ao Brasil. Um time medíocre não goleia o Palmeiras como goleou e nem é personagem do drama seguinte ao ver a goleada devolvida nas circunstâncias inesquecíveis de uma noite empolgante em Parque Antarctica.
Grandes personagens são assim, sempre participam das epopéias.
O Santos de Pelé, o melhor time de todos os tempos, por exemplo, adorava levar uma goleada acachapante e depois ganhar o campeonato como se nada houvesse acontecido. Êpa!
Que faz aqui o Santos de Pelé num espaço dedicado ao Grêmio? Cite um jogador gremista que possa ser chamado de craque, pode desafiar o leitor.
Pois não há um, quem sabe haja 11 e nisso resida o segredo de uma equipe que só neste ano já foi finalista da Copa do Brasil, campeã gaúcha e está perto, muito perto de ganhar a Libertadores.
O time todo do Grêmio é comovente em sua luta pela posse de bola e em sua fé inabalável de que a vitória é possível. Se essas qualidades não fazem necessariamente uma equipe tecnicamente brilhante, permitem, sem dúvida, torná-la digna de respeito.
Por isso, parodiando a dona Ceci, aperta eles, Grêmio!

Texto Anterior: Notas
Próximo Texto: Corinthians culpa 'overdose de futebol' pelas derrotas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.