São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995 |
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Mercado abre espaço para as reedições
DANIEL PIZA
Há nomes de todas as áreas: ficção, história, sociologia, crítica, poesia. E de todas as épocas: desde Gregório de Matos (1636-1696) até Jorge Amado, hoje com 81 anos. O mês de setembro será especialmente pródigo em títulos (veja quadro ao lado). Toda uma parcela de mercado se volta para as reedições. Coleções são criadas para vender melhor a idéia, críticos são chamados para reavaliar e restabelecer os textos, obras completas ganham tratamento de luxo. Não à toa coincidências despontam -como é o caso, por exemplo, de três relançamentos de Joaquim Manuel de Macedo (1820- 1882) por três editoras diferentes (leia textos nesta página). Se o objetivo dessas estratégias é um só -tornar o passado atraente-, as vantagens são pelo menos duas: baixo custo de produção (muitos dos livros já caíram em domínio público -os direitos de publicação são gratuitos depois de 50 anos da morte do autor) e alto potencial de venda (os títulos são consagrados ou podem ser vendidos como ``redescobertas"). Apostar em nomes célebres pode, assim, parecer apenas uma jogada de mercado, mas os editores ouvidos pela Folha fazem questão de ressaltar a importância cultural de recuperar títulos esgotados, que só se encontrariam em sebos ou bibliotecas, e ressuscitá-los na roda viva do mercado. ``Essa quantidade de reedições mostra uma cultura mais viva e madura, que está pensando sobre si mesma", diz José Mário Pereira, da Topbooks. ``Não se trata apenas de ocasião de mercado." Outros editores concordam. Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, acha que o país vive um ``momento cultural" de revisão de sua história, atestado não só na ficção, mas também no ensaísmo e nas biografias. Isabel Lacerda, da Nova Aguilar, que faz edições em papel-bíblia e capa dura de obras completas, conta de seu espanto com o sucesso do volume de Murilo Mendes (1991-1975), lançado em 1994 e já na terceira edição. ``Minha geração, que está na faixa dos 30 anos, não leu Murilo Mendes. Não se encontravam seus livros nas livrarias", diz. ``Uma explicação para o bom resultado de venda é esse", continua. ``Muitos livros de autores brasileiros estavam esgotados. Mas a verdade é que eles são grandes autores, e para eles sempre haverá público." A questão, do ponto de vista do editor, é dar novo apelo, frescor à reedição; e isso não tem se limitado à revisão ou atualização do texto e das notas editoriais ou a uma mera troca de capas e ``layout". A Companhia das Letras, por exemplo, vai lançar em novembro um ``Livro dos Prefácios" do historiador e crítico Sérgio Buarque de Holanda. Ou seja, trata-se de textos originalmente publicados em volumes diversos. Uma vez reunidos, ganha-se novo ângulo de interpretação e o aspecto de um volume de ensaios inédito. Outro procedimento comum aos editores é reapresentar a obra de modo acessível. Nada daquelas extensas notas de pé de página: o texto tem de estar o mais ``limpo" possível, como diz Isabel Lacerda. Texto Anterior: Produtora retira filme novo de Tarantino Próximo Texto: Idéia de coleção ganha fôlego Índice |
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