São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
David Carson vem ao Brasil mostrar sua arte
CELSO FIORAVANTE
Entre seus trabalhos mais importantes estão os premiados projetos gráficos de revistas como ``Ray Gun" e ``Beach Culture". Em entrevista à Folha, por telefone, de San Diego, Carson disse que considera o design gráfico uma arte e falou da relação de seu trabalho com identidade cultural. Folha - A leitura da revista ``Ray Gun" é necessária ou você acha que seu design gráfico é um tipo de arte e, sendo assim, os textos não precisam ser compreendidos por todos? Carson - Acredito que seja uma forma de arte. As imagens são tão importantes quanto as palavras. Acredito que a apresentação das páginas seja tão importante quanto o que se lê nelas. Assim, eu tento interpretar o que está sendo lido quando faço o projeto. Mesmo sendo chamado de design gráfico, acho que ele é uma forma de arte. Folha - Que tipo de trabalho você desenvolveu para David Byrne e Prince? Carson - Para David Byrne fiz os créditos e o pôster de um novo filme seu, ``Between the Teeth" (Entre os Dentes). Para Prince, fiz a capa de uma última coletânea sua. Folha - O design gráfico pode ter a identidade do país ou de sua área geográfica de referência? Carson - Acho possível e desejável. O melhor trabalho deve ser pessoal, intuitivo, interpretativo. Acho que sua unicidade do país e das pessoas que desenvolvem o trabalho devem perpassar o trabalho e fazer dele diferente dos outros. Isso é positivo. Sou absolutamente contra um estilo global. Folha - No design gráfico japonês é possível encontrar a melhor fusão entre tradição e inovação... Carson - O design gráfico japonês é um dos poucos que se destacam no mundo. Seu design gráfico diz algo à respeito de seu background e sobre quem eles são. Folha - A caligrafia é importante em sua formação? Carson - Já trabalhei muito com caligrafia. Ainda hoje desenvolvo trabalhos que envolvem esta técnica. Gosto muito de produzir letras a mão. A caligrafia pode exprimir muito o estado de espírito daquilo que está sendo transmitido. Tento fazer isso no meu design gráfico, transmitir o estado de espírito de uma palavra em particular ou de um texto. Folha - Mas o design gráfico não é uma arte que você só desenvolve em países desenvolvidos, com acesso a tecnologia? Carson - Isso depende do que você considera design gráfico. Eu digo que é uma arte e que todo país tem uma forma de design gráfico. Pode ser muito simples e não usar computadores. Tenho uma interpretação muito selvagem do design gráfico. Você o encontra em todo o lugar, na fachada das lojas, na numeração das casas... Folha - O que você pretende fazer aqui no Brasil? Carson - Vou apresentar e explicar alguns de meus trabalho, mostrar como foram feitos. Espero explicar mais sobre atitude e experimentação, sobre como se envolver totalmente no trabalho, fazê-lo tornar-se único. Como ser realmente pessoal em seu campo de trabalho e se divertir com isso. Texto Anterior: Buzunga caiu em depressão profunda Próximo Texto: Congresso acontece em 96 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |