São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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China recebe líder da Anistia Internacional

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A 4ª Conferência Mundial da Mulher obrigou a China, anfitriã do evento, a conceder visto e receber ontem Pierre Sané, secretário-geral da Anistia Internacional, entidade pró-direitos humanos sediada em Londres.
O governo comunista chinês costuma descrever a AI e seus relatórios como "fábrica de propaganda e de invenções".
Amanhã começa o encontro de organizações não-governamentais (ONGs), que termina dia 8. Ele será realizado paralelamente à conferência, que reúne de 4 a 15 de setembro as delegações oficiais.
Pelo menos 35 mil pessoas devem participar desses eventos, que vão discutir a situação da mulher no mundo.
O senegalês Pierre Sané declarou que a Anistia, participante do encontro das ONGs, não vai abordar agora a questão dos direitos humanos na China. "Estamos buscando garantias de que os direitos humanos sejam um dos direitos das mulheres", disse ele.
Na China, o Partido Comunista mantém o monopólio do poder desde que venceu a guerra civil de 1949. Não existe liberdade de expressão e o governo teme que militares feministas façam protestos pró-democracia em Pequim.
A ONU, organizadora da conferência, hasteou sua bandeira ontem no Centro de Convenções Internacionais de Pequim, sede do encontro. "Será a maior e também, ouso dizer, a mais importante conferência da história da ONU", disse Gertrude Mongella, secretária-geral da reunião.
A conferência receberá delegações de 185 países. Trata-se do maior evento internacional já realizado na China.
Ontem, as autoridades chinesas esperavam a chegada de 18 mil pessoas. O aeroporto de Pequim viveu um dia de filas: para conseguir carrinhos para a bagagem, passar na alfândega, trocar dinheiro e embarcar num ônibus ou táxi.
Um trem vindo de Varsóvia, Polônia, chegou ontem à capital chinesa com 199 mulheres. A viagem foi organizada pela Programa de Desenvolvimento da ONU.
Huairou, distrito a 55 km de Pequim e sede do encontro de ONGs, continuou a receber e alojar os participantes.
Um forte esquema de segurança impedia a entrada de pessoas sem autorização. A polícia busca principalmente manter a população chinesa distante das feministas.

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