São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995 |
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Supersena O Brasil se mobilizou em torno do superprêmio oferecido esta semana pela Supersena. Quatro ganhadores ficaram milionários, e a maioria absoluta dos apostadores saiu frustrada. O Estado, ainda que de maneira discutível, para dizer o menos, arrecadou impostos. Mas há um outro lado do jogo -mais obscuro- que é ainda pouco explorado. Dois editoriais publicados pela prestigiosa revista ``BMJ", da Associação Médica Britânica, sugerem que o jogo tem impactos sobre a saúde pública. Um dos textos constata que, desde que a Loteria Nacional britânica foi implantada, em novembro de 94, a Associação dos Jogadores Anônimos (espécie de Alcoólicos Anônimos do jogo) registrou um aumento de 17% na procura pelos serviços da instituição. Estatísticas revelam ainda que os mais pobres tendem a jogar mais, o que pode ter impacto sobre seus hábitos de consumo. Eles podem estar deixando de comprar remédios ou de manter uma dieta saudável para poder apostar mais. O outro artigo, que trata do conceito de jogador patológico, mostra que o vício no jogo funciona exatamente como o observado com qualquer outra droga estimulante, incluídos aí os fenômenos da compulsão crescente e da tolerância. No Brasil, diferentemente do que ocorre no Reino Unido, esse lado mais sombrio do jogo está completamente ausente do debate público. A propósito da Supersena e da verdadeira miríade de loterias, raspadinhas, bingos e outras modalidades de aposta que infestam o país, o lado negativo do jogo, bem como o das drogas lícitas ou ilícitas, exige uma discussão bem mais aprofundada do que a atual. Texto Anterior: Alívio bem-vindo Próximo Texto: Estatizar o Estado Índice |
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