São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Presos depõem em inquérito sobre tortura

DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público vai ouvir como testemunhas do caso Carelli pessoas presas na DAS (Divisão Anti-Sequestro) entre junho e setembro de 93, quando o funcionário público Jorge Antônio Carelli desapareceu durante operação policial no Rio.
A presidiária Lindalva dos Prazeres denunciou que Carelli foi torturado na DAS pelos policiais.
Ontem, ela confirmou as denúncias ao delegado José William de Medeiros, que preside o inquérito da Corregedoria de Polícia Civil.
O procurador Antônio José Moreira determinou que sejam ouvidos também o então diretor da DAS, Hélio Vígio, e a filha de Lindalva dos Prazeres, que teria sido estuprada pelos policiais.
O Ministério Público quer que Lindalva faça o reconhecimento dos policiais que teriam torturado Carelli. Por fotografias, ela já identificou seis policiais.
O resultado pode se converter em provas para que o Ministério Público peça a prisão preventiva dos policiais envolvidos.
Em 94, 22 policiais acusados de ter sequestrado Carelli foram julgados e absolvidos por falta de provas. O advogado da família de Carelli, Márcio Donnici, disse que exigirá a participação do Ministério Público em todas as ações da polícia.
``Sem querer duvidar do caráter dos policiais que estão investigando o caso, digo que a presença do Ministério Público dá mais credibilidade. Polícia não pode investigar polícia", afirmou.
O chefe de Polícia Civil do Rio, Hélio Luz, disse que não se surpreendeu com as revelações do caso Carelli. ``Por que eu saí da polícia e fui embora?", perguntou, referindo-se ao seu afastamento da cúpula da polícia, há três anos.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Nilton Cerqueira, disse que o desafio é localizar o corpo de Carelli e pediu total rigor nas investigações.
O ex-informante Ivan Custódio disse que o corpo foi queimado no pátio da DAS e jogado num manguezal na Baixada Fluminense.

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