São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995 |
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Trio de ferro joga com lâmina no pescoço
ALBERTO HELENA JR.
O Corinthians, por exemplo, pega esta noite o mais eficiente time do torneio até agora: o Paraná, de Wanderley Luxemburgo, que venceu todos, inclusive o último jogo, diante do milionário Palmeiras. Time por time, o Corinthians é mais bem dotado tecnicamente, embora se ressinta da perda de Bernardo, que, mesmo sem ser um craque refinado, era o ponto de referência do meio-campo corintiano. Para ainda mais piorar a situação, Souza, o fino armador do time, há tempos não repete aquelas atuações exemplares que o levaram à seleção brasileira, além de estar machucado. Mas o problema maior parece não estar nos pés nem nos músculos dos corintianos e sim na alma lavada com as sucessivas conquistas da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista. Quase sempre, depois de um banho desses, sobrevém aquela letargia tão gostosa como letal para uma equipe que entra na competição subsequente como uma das favoritas. E, se o Paraná, que vem pegar o Corinthians, traz incrustado no peito o 1 a 0 sobre o Palmeiras, idem o Cruzeiro, que enfrenta o Palmeiras amanhã ainda acariciando a vitória sobre o Corinthians no domingo. Um Palmeiras que havia começado o certame com a corda solta, passando por cima de Guarani e Bragantino, mas que voltou a viver a crise do tri inalcançável. Se já o foi no Paulistão, por que não o será no Brasileiro, é o dilema palestrino. Mais que isso: se já não conta com Rivaldo, seu principal jogador na temporada, perdeu Cafu, o mais importante nas últimas jornadas. Já o São Paulo, que hoje joga contra o Goiás, lá, está começando só agora a remontar sua defesa, enquanto fundava seu jogo no excelente meio-campo, posto que o ataque praticamente inexiste. Contudo, Alemão, o velho Alemão de guerra, baixou enfermaria. Jogando lá, contra um time bem arrumadinho como o Goiás, sei não, como diriam os baianos. Pois, creiam, tem até gremista de carteirinha que ainda não se considera campeão da Libertadores, em respeito ao Nacional, contra quem esta noite o Grêmio pavimenta sua estrada em direção a Tóquio. Eu, não. Boto fé total no Grêmio, sem um pingo de ironia nem uma pitada de contradição. Embora a gauchada ande tiririca comigo, por causa de algumas observações feitas aqui, jamais disse ou achei que o Grêmio não fosse uma equipe competitiva, bem armada por seu técnico Luiz Felipe e munida de força interior até comovente em alguns momentos. Apenas é um time que não me deslumbra. Pode ser até campeão do mundo. (E pode mesmo, por que não? Tem bola e alma para tanto). Entretanto, jogando esse futebol heróico mas opaco não haverá de me deslumbrar nunca. Texto Anterior: São-paulino fará serviço em hospital Próximo Texto: Comer, comprar e tietar Índice |
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