São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Exposições mostram nova fase de Miguez

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Exposição: Fabio Miguez
Onde: Galeria Marilia Razuk (av. 9 de Julho, 5.719, tel. 011/881-9853, Itaim, zona oeste de São Paulo)
Quando: abertura hoje, às 19h; até 30 de setembro
Onde: Galeria Millan (r. Francisco Leitão, 134, tel. 011/852-5722, Pinheiros, zona oeste)
Quando: abertura hoje, às 21h; até 23 de setembro

Aos poucos a herança nefasta da pintura da Geração 80 vai sendo extinta. É o que mostram as exposições simultâneas do paulista Fábio Miguez que duas galerias abrem hoje em São Paulo.
Na galeria Marilia Razuk estão expostas nove telas de dimensões menores. Na Milan, oito maiores e uma exibição de cerca de 20 fotos.
Elas mostram uma evolução importante em sua pintura. Miguez, 33, foi um dos fundadores do ateliê Casa 7, em 1985, um dos dois centros de produção da Geração 80, com o ateliê da Lapa (Rio).
A geração propunha uma pintura em grandes telas, com pinceladas livres e cores discrepantes.
No caso de Miguez, isso vinha em uma técnica bastante gestual, espontaneísta, livre de estruturações, com cores vibrantes quase anarquicamente espalhadas.
Agora os gestos são mais contidos, as áreas de cor mais definidas, o uso de tons vivos mais consciente. O ganho é óbvio. Miguez faz ``harmonia à beira do caos", segundo a definição de complexidade dos cientistas atuais.
Como a harmonia é um dado da natureza humana, a distribuição plástica agora é mais agradável. E Miguez encontrou um tom de cinza, com matizes de azul e vermelho, que por sua neutralidade serve como articulação da pintura.
Ao redor das áreas desse cinza, em geral centrais, surgem tons vivos de verde, azul, amarelo e vermelho que são próximos aos existentes na natureza. Eles dão, na medida, a vibração do quadro.
Mas não acredite se você ler em algum lugar que essas pinturas são ``abstratas", sem profundidade e sem remissão à realidade.
Quanto à profundidade, é fato que Miguez usa uma camada de tintas rala; mas basta haver certa homogeneidade nas áreas de cor, contornos mais ou menos nítidos, que se distinguem forma e fundo.
Quanto à realidade, essas telas fazem diálogo direto com o paisagismo, como atestam as fotos na Milan, de paisagens marinhas.
Ainda assim, Miguez é um poeta menor: suas pinturas oferecem pouco mais que um deleite técnico, um lirismo despretensioso, e por isso são repetitivas. Mas a evolução merece elogio.

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