São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Frustração

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Desta vez o governo não pode reclamar da comunicação.
A Globo parecia anunciar o próprio real uma segunda vez, nas manchetes empolgadas de Cid Moreira:
- Cheque especial e empréstimo vão ter imposto menor.
- Clientes ganham novo prazo para renegociar a dívida nos bancos.
A Voz do Brasil, que tem a desculpa de que é do governo, na mesma linha:
- Conselho aprova medida que vai reduzir os juros.
A CNT, paranaense como é paranaense o ministro da Agricultura, na mesma linha:
- Conselho anuncia medidas de aumento do crédito.
Valeu o esforço, mas longe do governo a expressão mais ouvida foi mesmo frustração. No Jornal Bandeirantes:
- Conselho Monetário Nacional frustra as expectativas e aprova medidas tímidas.
Outras manchetes foram ainda mais exatas, dizendo, por exemplo, "Conselho decide manter a restrição ao crédito", ou seja, não fazer nada.
A frustração se fez acompanhar, como era de esperar, da ampliação na campanha contra a recessão, o desemprego e tudo o mais.
Ontem, antes da frustração, acontecia já a segunda manifestação com empresários e trabalhadores, da Força Sindical.
Na Globo, ontem, mas não no Jornal Nacional:
- Numa sintonia que já foi rara, mas vem se tornando cada vez mais afinada, patrões e empregados, capital e trabalho, fizeram o mesmo discurso. Vendas em queda, produção em baixa, inadimplência recorde, desemprego.
Depois da frustração, a mesma Força Sindical saltou à frente da CUT, na Rede Brasil:
- Força Sindical anuncia que está programando uma greve geral das suas categorias, contra o desemprego. A central considerou tímidas as medidas do governo, para reverter as demissões em massa.
Greve geral, e da Força.

O rei e Deus
Pelé em cadeia nacional, em horário nobre, apressado, lendo sem expressão, um calouro -mas com a firmeza de quem sabia bem que o momento era para a história do Brasil.
Aliás, quem mais, além do rei, teria a coragem de terminar dizendo, com familiaridade, "que Deus nos abençoe".

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