São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Aliados de Covas obstruem votações em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Os líderes de partidos da base de apoio do governo Mário Covas (PSDB) estão obstruindo as votações na Assembléia Legislativa de São Paulo para tentar conquistar cargos na administração estadual. O resultado prático dessas obstruções, mais as articuladas pelo PT e pelo PL, é que nenhum projeto do governo ou dos deputados foi votado neste semestre.
A Folha apurou que os líderes do PTB e do PSD, deputados Campos Machado e Nabi Abi Chedid, respectivamente, têm impedido as votações com o objetivo de conquistar maior espaço no governo Mário Covas.
Eles comandam juntos um bloco de 12 deputados, que somados aos 37 parlamentares da oposição (PMDB, PT, PC do B e PSB) e os dois do PL formam uma "bancada" de 51 deputados, suficiente para barrar qualquer projeto.
A Assembléia tem 94 deputados. Para aprovação de um projeto são necessários 48 votos (metade mais um dos deputados).
Machado e Chedid entendem que, por participar da base de apoio governista, teriam direito a cargos, mas o governo Covas se nega a discutir nesses termos.
O 1º secretário da Mesa Diretora, Luiz Carlos da Silva (PT), é enfático: quando se afetam interesses do PSD, Abi Chedid parte para a obstrução.
Outros deputados, principalmente os petistas, também impedem as votações, mas por divergências programáticas com o governo, como em projetos que prevêem privatizações ou empréstimos para estatais.
Para obstruir as votações, esses deputados adotam uma série de estratégias: a primeira delas é pedir seguidamente verificação de presença no plenário, abandonar a sessão ou pedir a palavra e tratar de outros assuntos, menos do projeto em votação.

Paralisação
A constatação de que a Assembléia Legislativa está paralisada é feita tanto por deputados que apóiam o governo quanto da oposição.
O presidente da Assembléia, Ricardo Tripoli (PSDB), afirma que sua obrigação é colocar os projetos em pauta.
"Compete àqueles que promovem a obstrução explicar por que não permitem as votações", disse o deputado, sem citar nomes.

Diálogo
Machado e Chedid negam a articulação. Machado diz que tem usado todos "os meios de que dispõe", inclusive a obstrução, para que haja maior diálogo da Mesa Diretora com os deputados.
"Isso aqui é uma 'fogueira das vaidades'. A Mesa toma decisões sem ouvir ninguém", disse Machado.
Ele nega que seu objetivo seja buscar cargos, mas afirma que o PTB aguarda maior participação no governo do Estado.
Chedid diz que "não busca" cargos no governo e atribui as obstruções à falta de diálogo. "A Mesa não convocou sequer uma reunião de líderes".

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