São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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PC diz que entrevista repete depoimentos

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Paulo César Farias, o PC, afirmou ontem que vai mostrar ao Ministério Público Federal que tudo que declarou nos últimos dias é "pura repetição" do que havia dito em depoimentos à própria Justiça.
PC pretende conversar com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que estuda a possibilidade de propor nova denúncia sobre o Collorgate.
A intenção do procurador-geral teve como causa a exibição anteontem do programa "SBT Repórter", com declarações do ex-presidente Collor e de PC.
"As pessoas se espantaram pelo efeito emocional da televisão, afirmou PC. "Tudo que tenho dito está no meu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal)".
Segundo PC, o ex-presidente "sabia de tudo" sobre as suas atividades de tesoureiro das campanhas eleitorais de 1989 (para a Presidência da República) e de 90 (governos estaduais e Congresso).
Ele afirmou que a expressão "sabia de tudo" não se referia a atividades relacionadas ao exercício da Presidência por Collor.
Essa interpretação, segundo PC, corresponderia à confissão de um crime (corrupção). "Seria uma loucura, pois o próprio Supremo me absolveu dessa acusação."
O empresário disse que, em seu depoimento ao STF, chegou citar nomes de empresas que teriam contribuído para a campanha de Collor e de candidatos estaduais.
"Ele (Collor) chegava e dizia: olha PC, precisamos ajudar o Joaquim Francisco -candidato vitorioso ao governo de Pernambuco", contou o empresário. "Aí eu ajudava, meu trabalho era esse."
PC disse que estava "espantado" com a repercussão das suas palavras. "De novo mesmo só teve a minha reação sobre o ar de imperador do Collor", disse. "Ele agiu com muita prepotência, mentiu e cometeu um erro primário."
O erro, segundo PC, foi Collor ter dito que ele estava preso por sonegação fiscal. "Todo mundo sabe que fui condenado devido às contas 'fantasmas"', disse.
Collor mentiu, segundo o empresário, ao dizer que não o avistava durante o exercício do cargo. "Nunca deixamos de ser amigos", disse.

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