São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Testemunha de tortura será colocada diante de "fila" de cem policiais

DA SUCURSAL DO RIO

A presidiária Lindalva Tereza dos Prazeres será colocada "cara a cara" com de cem policiais que trabalhavam na DAS (Divisão Anti-Sequestros) em agosto de 1993, quando desapareceu Jorge Carelli, funcionário da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A informação é do delegado José William de Medeiros, presidente do inquérito em que a Corregedoria de Polícia investiga a declaração de Lindalva, que diz ter visto Carelli, agonizante, na antiga sede da DAS.
O então diretor da DAS, delegado Hélio Vígio, esteve ontem na Corregedoria, mas não depôs. Ele tem recebido tratamento especial por parte dos policiais da Corregedoria. Medeiros disse que não convocará Vígio a depor. "Será alguém superior a mim", afirmou.
O diretor da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria, Carlos Poppe, é quem tem conversado com Vígio. Ele é o superior a que Medeiros se referiu.
Por telefone, Vígio disse à Folha que não foi intimado a depor. Ele não respondeu a outras perguntas.
Carelli teria sido sequestrado em 93 por policiais da DAS na favela da Varginha (zona norte).
Segundo o delegado, os policiais que trabalhavam na DAS farão fila enquanto Lindalva os examinará "cara a cara".
Em função do grande número de policiais, o delegado disse que não vai usar a sala de reconhecimento tradicional. Nessa sala, através de um vidro, a testemunha examina acusados sem ser vista por eles.

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