São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Governo mantém freio no consumo

GUSTAVO PATÚ; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A posição do Banco Central prevaleceu no CMN (Conselho Monetário Nacional) e as medidas para aliviar o arrocho ao crédito aprovadas ontem foram menos abrangentes do que o esperado.
Todos estes débitos, de pessoas físicas e jurídicas, poderão ser parcelados pelos bancos em prazos superiores a três meses.
O BC já havia aprovado a permissão para renegociar dívidas vencidas até 31 de maio. Esta autorização, além de beneficiar os endividados, visa evitar que os bancos sejam obrigados a contabilizar como prejuízo os empréstimos sem retorno.
"A primeira permissão para renegociar foi bem-sucedida, porque proporcionou a estabilização da inadimplência", disse o presidente do BC, Gustavo Loyola. A alta da inadimplência desde abril último provocou crescimento do número de concordatas e falências.
Além disso, o CMN decidiu que o ministro Pedro Malan (Fazenda) proporá ao presidente Fernando Henrique Cardoso a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações de crédito.
Pelo que foi definido no CMN, o IOF cairia de 18% para 6% nos financiamentos para a aquisição ou construção de imóveis comerciais e para 15% nos demais empréstimos. Com isso, reduziriam os juros para os tomadores.
Tal medida, porém, só pode ser tomada por meio de decreto presidencial.
O CMN permitiu ainda a volta do leasing -aluguel com opção de compra do bem no final do contrato- de automóveis e outros veículos, proibido em fevereiro, mas só para taxistas, locadoras de automóveis e transportadoras.
A Folha apurou que empresas que não tenham transporte como atividade final também podem renovar sua frota se valendo do leasing permitido ontem pelo CMN.
Perto do pacote de medidas analisado nos últimos dias pelos técnicos da área econômica do governo, o abrandamento do controle ao crédito aprovado ontem foi tímido.
O secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, defendeu a ampliação do prazo máximo do crédito bancário de três para seis meses e o dos consórcios de automóveis de seis para 24 meses.
Na secretaria, subordinada a Malan, defendia-se também a volta dos consórcios para a aquisição de eletroeletrônicos, proibidos desde outubro último. As propostas foram avalizadas pelo ministro José Serra (Planejamento).
Malan rendeu-se aos argumentos do BC, cuja diretoria recomendou mais prudência no alívio.
Para o BC, as medidas devem ser adotadas mais à frente para não se somarem à tradicional alta das vendas no final de ano. O BC diz que os juros já estão em queda.

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