São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desaparece manuscrito de Gilberto Freyre

Viúva do sociólogo procura original de 'Casa-Grande'

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O manuscrito do livro "Casa-Grande e Senzala", do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (morto em 1987), está desaparecido. A viúva de Freyre, Madalena, tinha esperanças de localizá-lo durante a organização do acervo do escritor, que inclui mais de 40 mil livros, quadros, fotografias, cartas e objetos pessoais.
"Mas não o encontrei. Ninguém sabe onde ele está", disse Madalena à Agência Folha.
Em setembro a Câmara dos Deputados prestará uma homenagem a Freyre, em Brasília, com a realização de conferências sobre ele e uma mostra de suas obras -incluindo manuscritos de seus livros.
"Eu faço um apelo para que quem esteja com esse manuscrito permita ao menos que nós tiremos uma cópia dele", afirmou ela.
"Casa-Grande e Senzala", um estudo clássico sobre a formação social brasileira, foi publicado em 1933. É a principal obra das 67 que Freyre escreveu.
Segundo Madalena, existe outro manuscrito desaparecido de um livro de Freyre que permanece inédito até hoje: "Túmulo e Covas Rasas". "Era um estudo sociológico sobre túmulos e covas no Nordeste. Já estava praticamente terminado, mas o manuscrito desapareceu e o livro nunca foi editado", disse Madalena.
Freyre escrevia à mão, sentado em uma cadeira, com uma tábua no colo, recorda Madalena.
Nos manuscritos ele fazia desenhos à margem das páginas, segundo o bibliotecário Edson Nery da Fonseca, 73, especialista na obra de Freyre.
No livro "Como e por que sou e não sou sociólogo", editado em 1968 pela Universidade de Brasília, Freyre conta que o manuscrito de "Casa-Grande e Senzala" foi entregue ao escritor e pintor pernambucano Luiz Jardim, já morto, para ser datilografado.
"Ele não quis que um datilógrafo profissional fizesse o trabalho porque temia que trechos do livro fossem revelados antes da publicação", disse Fonseca.

Texto Anterior: Ingressos para 10º Free Jazz custam até R$ 160 em SP
Próximo Texto: Rosely Sayão faz campanha por camisinha no "Jô Onze e Meia"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.