São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Velha ameaça

Os testes nucleares franceses, anunciados para hoje no Pacífico sul, denunciam a sobrevivência de um anacronismo político que infelizmente ainda faz parte das relações internacionais.
Mesmo diante da indignação de vários países, acompanhada em alguns casos por ameaças de retaliação comercial, o governo francês obstina-se na realização de uma experiência nuclear de importância duvidosa e que, segundo especialistas, até poderia ser perfeitamente simulada por computadores.
Além disso, apesar de se afirmar a inofensividade dos testes, decide-se realizá-los em uma região bem distante da França. Desmente-se assim a previsão de que quase não haverá danos ambientais e, pior ainda, elege-se mais uma vez um Território de Ultramar para lata do lixo atômico nacional.
Por fim, a persistência no erro parece trazer consigo um certo resíduo dos tempos da Guerra Fria, em que ostensivas demonstrações de força faziam parte de uma política intimidatória entre países dos antigos blocos capitalista e socialista.
Mas os tempos são outros. A França e a China bem que poderiam poupar o cenário internacional de um espetáculo tradicionalmente marcado por muita tensão.

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