São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Até que 96 os separe

CLÓVIS ROSSI

É para valer essa briguinha entre tucanos e pefelistas? Pouco provável.
Primeiro porque o PFL nunca aprendeu a viver longe do governo. Não será agora que vai romper com o presidente de turno.
Pode ser que esteja apenas pretendendo que o presidente Fernando Henrique Cardoso rompa com o seu partido, o PSDB, para cair nos braços amantíssimos do PFL. Bobagem. O presidente não é de romper com ninguém.
Já o PSDB ou, ao menos, o governo está condenado a conviver com o PFL, sob pena de passar por sérios problemas no Congresso. A menos que pretenda encostar-se no PMDB, maior do que o PFL e, por isso, mais vantajoso numericamente.
Tampouco parece viável. Um dos principais caciques do PMDB, o ex-governador Orestes Quércia, prefere aliar-se ao PT, se este topasse, do que dar qualquer mãozinha a FHC, que detesta desde que eram ambos peemedebistas e agora muito mais, claro.
Outro cacique peemedebista, o ex-presidente José Sarney, está cada vez mais irritado com o que considera inabilidade política do Planalto nas tentativas de interferir no quadro partidário. Sarney responsabiliza o governo por três ações que acabaram malogrando: o ensaio de fortalecimento do PSDB, a fusão PPR/PTB/PP e, mais recentemente, a manobra que resultou no veto dos governadores do PMDB aos dois candidatos então lançados à presidência do partido.
Não tenho tanta certeza de que o governo seja, de fato, o responsável por essas manobras, mas também não importa. O que conta é a opinião de Sarney que, além de uma fatia do PMDB, tem um pé no PFL.
Com essas resistências no PMDB o governo tem de contar mesmo é com os três partidos da coligação que elegeu FHC (PSDB, PFL e PTB).
Podem dar caneladas e cotoveladas uns nos outros, mas permanecerão morando sob o mesmo teto. Não é, em todo o caso, um casamento destinado a durar até que a morte os separe. A separação pode vir bem mais cedo do que se imagina, na disputa eleitoral de 1996.

Texto Anterior: Velha ameaça
Próximo Texto: Onde há barulho, não há fogo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.