São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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BC condiciona devolução do Banespa

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A carta que o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, enviou ao governador Mário Covas, sobre o caso Banespa, pode ser assim resumida: se o governo paulista colocar dinheiro vivo no banco, de modo que este volte a operar normalmente, o Banespa volta para o Estado.
O BC informou ainda que não colocará dinheiro novo no banco, nem dará ao governo de São Paulo qualquer tratamento favorecido para que ele pague a dívida de R$ 13 bilhões com o Banespa.
É exatamente o mesmo recado enviado ao governo da Bahia, a respeito do Econômico. Se colocar dinheiro seu no banco, acaba a intervenção.
Entre os diretores do BC, é unânime a opinião de que o governo paulista não vai conseguir realizar a condição requerida. E nesse caso, a alternativa da privatização do Banespa será novamente colocada. Isso consta do último parágrafo da carta.
O entendimento de membros do governo paulista de que a intervenção no Banespa pode ser suspensa já na próxima semana foi recebido com espanto no BC.
No entendimento do BC, os passos que levariam o governo de São Paulo a recuperar o controle de seu banco seriam os seguintes:
1. O governo paulista cria uma empresa que receberá os imóveis e as hidrelétricas inacabadas que Covas quer usar para pagar a dívida com o Banespa.
2. Essa empresa vende esses ativos e, com o dinheiro obtido, o governo paulista capitaliza o Banespa. Calcula-se que o banco precisa receber, em dinheiro vivo, de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões.
3. Capitalizado, o Banespa volta a operar normalmente. Isso significa que o banco deixa de se socorrer no BC para fechar suas contas e ainda paga ao mesmo BC cerca de R$ 1 bilhão, na conta do depósito compulsório, de que está dispensado no momento.
4. Caracterizada essa situação, o BA suspende o regime de intervenção e o Banespa volta às mãos do governo paulista.
Durante esse processo, o BC considera possível, e desejável, que o Banespa receba uma administração profissional, nos mesmos moldes do Banerj. Nesse caso, o governo paulista faria uma licitação para escolher os administradores, que precisariam ter também a aceitação do BC.
Para não criar mais atrito, o BC está disposta a ajudar na realização desse roteiro, embora não acredite que venha a funcionar.
Em resumo, se São Paulo quer o banco, terá que capitalizá-lo às suas próprias custas.

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