São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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BC empurra os juros para baixo

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

BC empurra os juros para baixo
Calendário e projeções de inflação entre 1% e 1,5% facilitam a queda, afirmam analistas
O BC (Banco Central) reduziu ontem em meio ponto percentual (de 3,8%, em agosto, para 3,3%, em setembro) a taxa efetiva de juros projetada para o mês no over-Selic (negócios de um dia com títulos públicos).
O calendário ajudou. Setembro tem dois dias úteis a menos que agosto. Os juros respeitam feriados e finais de semana, não rendendo. Assim, a mesma taxa, rendendo menos dias, significa uma remuneração menor neste mês.
O BC interveio no mercado por duas vezes logo pela manhã (as 9h30 e as 10h). Em ambas emprestou recursos pela mesma taxa de juros (4,9%) praticada no final de agosto.
A partir da sinalização do BC, os bancos passaram a projetar taxas ainda mais baixas no mercado futuro -3,22%, para setembro, e 2,99%, para outubro.
Para os analistas de mercado, o governo tinha duas alternativas: 1) manter os juros elevados e atender às pressões de determinados setores da economia, ampliando o prazo do crediário; ou 2) não mexer nos prazos e reduzir os juros.
"A primeira é uma política de acomodação com casuísmo. A segunda traz maiores benefícios, até porque reduz os custos do governo com a dívida interna", diz Fábio de Oliveira, do Banco de Boston, que completa: "Foi positivo."
Ibrahim Eris, ex-presidente do BC e atualmente da Linear, concorda. "'Aumentar os prazos é a última coisa a ser feita. É uma injeção na veia do consumo. Já os juros e os compulsórios altos geram distorções em tudo."
A estratégia de queda dos juros, enxergam os analistas, está facilitada pelo cenário atual da economia.
As projeções de inflação são extremamente favoráveis para o governo e, além disso, não há no horizonte a possibilidade de um aquecimento demasiado da atividade econômica ou do consumo.
Alfredo Setúbal, do Banco Itaú, diz que o mercado espera que os índices de inflação de setembro fiquem entre 1% e 1,5%.
Nos índices em que o comportamento dos preços no atacado (negócios entre a indústria e o comércio) tem um peso maior, como o IGP-M, a inflação será ainda menor. "Deve ficar abaixo de 1%", afirma.

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sobre os juros na pág. 6

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