São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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Dupla dinâmica

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Como já disse Nélson Piquet, Gerhard Berger é um fenômeno. Mesmo sem grandes conquistas, já sobrevive à corda bamba da F-1 há mais de dez anos.
Sempre se arranja, é impressionante. Dessa vez, porém, teve que optar por um salário menor, cerca de US$ 6 milhões.
Ganharia muito mais, dizem, para correr ao lado de Michael Schumacher na Ferrari. Mas, contra a maioria dos prognósticos, acertou com a Benetton em apenas uma semana.
Duvido da eficiência da dupla Berger-Alesi na Benetton em 1996, da mesma forma como sempre duvidei dos dois na Ferrari.
Mas isso é problema para Flavio Briatore resolver. A questão maior, no momento, é saber o que Rubens Barrichello vai fazer nas próximas semanas.
A decisão é bastante difícil. Aceitar o papel de robin ao lado do homem-morcego do momento, Michael Schumacher, ou ser um batman meia-boca na Jordan.
O problema é que Barrichello sempre sonhou ser o personagem principal da história. Sua estudada trajetória não previu tal situação.
Por onde passou, desde os tempos do kart, sempre teve uma primazia natural, por seu resultados nas pistas.
Exemplo maior desse posicionamento foi o que aconteceu no primeiro semestre deste ano. Com dificuldades de vários tipos, não conseguia aceitar o fato de estar apanhando do companheiro Eddie Irvine.
Mas se recuperou e voltou a sorrir a partir de julho, quando obteve a segunda colocação no Canadá e começou a dar o troco no irlandês.
A ambição de Barrichello, na verdade, é normal, inerente a qualquer piloto. E, ironicamente, é com esse sentimento que ele irá esgrimir agora.
O que seria melhor? Sentar em uma Ferrari, algo que nenhum piloto brasileiro jamais fez, e aceitar o desafio?
Ou continuar o progressivo -mas lento- trabalho na Jordan por mais dois anos?
Na Ferrari, dizem, o segundo piloto não teria nem direito a carro reserva. Restaria sentar e correr feito um louco para conseguir sair da sombra do campeão.
Na Jordan, que já exige uma decisão rápida do brasileiro, teria que suportar os altos e baixos, o desempenho irregular dos motores e o rádio sempre quebrado.
A minha sugestão? Sei lá. Só sei que o café, na Ferrari, é expresso. Na Jordan é de máquina.

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