São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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Mulher de malandro

JUCA KFOURI

O Trio de Ferro virou lata. Corinthians, Palmeiras e São Paulo estão mal.
Ao primeiro não sobrou o tempo nem para festejar os títulos que ganhou.
Ao segundo, além de não ter sobrado tempo para se recuperar do trauma pelos que perdeu, falta dinheiro para renovar contratos.
E ao terceiro só resta investir nas reformas do Morumbi.
Três retratos da administração do futebol que a FPF diz ser de Primeiro Mundo.
O Campeonato Paulista não só invadiu o calendário nacional como atropelou até a Copa América.
Fez mais. Estressou os grandes clubes de São Paulo e, ainda pior, os deixou deficitários a ponto de não terem como investir com vistas ao Campeonato Brasileiro.
Alguém dirá que o Fluminense também foi campeão carioca e está fazendo ótima campanha no Brasileiro.
Só que o Campeonato Carioca terminou antes da Copa América e permitiu ao Flu todo o tempo do mundo para pensar na vida.
A comparação possível é a da situação de penúria econômica que vitima cariocas e paulistas, todos protagonistas de campeonatos estaduais que não mais se justificam em um futebol que se quer profissional.
A coluna aposta -e a coluna adora apostar- que pelo menos Corinthians e Palmeiras se recuperarão no segundo tempo.
Mas que ninguém tenha pena dos clubes.
Eles são os responsáveis por suas misérias na medida em que votam nos dirigentes das entidades que os fazem penar.
São como mulher de malandro. Adoram apanhar. Até que estão apanhando bastante.

Aposta em cima, desafio aqui.
O Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo está desafiando quem quer que se apresente para defender a manutenção da Lei do Passe.
Está difícil. Defender o fim da lei que escraviza o jogador de futebol brasileiro é como defender a luz elétrica e a água encanada.
O ministro Pelé escreveu para a revista "Manchete" que a Lei do Passe é uma indignidade.
O PT entrará, nesta semana, com um projeto propondo sua extinção.
O presidente da FPF, Rubens Approbato, admite que a legislação está caduca e o presidente do São Paulo, Fernando Casal de Rey, disse ao presidente do sindicato, Martorelli, que não aguenta mais lidar com o passe.
Tudo isso antes do ato público que o sindicato e a PUC farão no dia 11 de outubro. E, então, alguém se habilita a defender a Lei do Passe?

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