São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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China comemora controle sobre Tibete e mulheres pedem liberdade

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O governo chinês comemorou ontem o trigésimo aniversário da consolidação do seu controle sobre o Tibete, iniciado em 1950, enquanto dez tibetanas promoveram em Huairou um protesto pela independência da sua terra natal.
A manifestação de 15 minutos, a mais ousada já feita no encontro, atraiu cerca de cem mulheres que gritavam "liberdade, liberdade.
A China ocupou o Tibete em 1950 e em 1965 fundou a "região autônoma do Tibete para consolidar seu poder. Pequim argumenta que seu controle sobre aquele território data do século 13.
Os nacionalistas tibetanos rejeitam a tese e afirmam ter uma tradição de independência. Em 1959, o Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, liderou uma revolta que fracassou. Fugiu para a Índia, onde vive hoje. Em 1989 recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Seus seguidores acusam a China de perseguir nacionalistas e de reprimir o budismo. O governo chinês diz que os separatistas usam a religião para "dividir o país.
A China tentou barrar a entrada de mulheres que atuam em grupos pró-independência do Tibete.
Em Huairou, vestidas com roupas típicas tibetanas, nove mulheres amarraram lenços para tapar a boca e simbolizar a falta de liberdade de expressão no Tibete. Pararam perto da entrada do local do encontro das ONGs e ficaram em silêncio durante 15 minutos.
Logo receberam a adesão de mais uma tibetana. Todas moram fora da China. O grupo foi cercado por mulheres que gritavam palavras de apoio e canções norte-americanas que pediam liberdade.
Policiais chineses acompanharam de perto mas não intervieram. No começo do encontro, eles anunciaram que as mulheres poderiam protestar apenas dentro de uma escola em Huairou e não deveriam criticar o governo chinês.
Mas o local da reunião está temporariamente sob administração da ONU e portanto as leis chinesas não podem ser aplicadas.
Em Huairou, o governo chinês montou uma barraca do Tibete, uma das maiores e mais coloridas do encontro, com a participação apenas de organizações controladas por Pequim. Mas a chuva de ontem derrubou parte da tenda.
"O povo tibetano, no teto do mundo, 4.000 metros acima do nível do mar, criou uma civilização moderna. É um milagre do mundo moderno, discursou o vice-premiê chinês Wu Bangguo na cerimônia em Lhasa, capital do Tibete. O ato reuniu 30 mil pessoas, segundo os organizadores.

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