São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995 |
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38% dos mendigos de SP são pós-Real
BETINA BERNARDES; MAURICIO STYCER
Os "mendigos do Real" representam exatos 38% do universo de moradores de rua da maior cidade do país, mostra uma pesquisa do Datafolha realizada nos dias 21 e 22 de agosto. A pesquisa ajuda a desfazer preconceitos e traça um perfil detalhado da população que mora nas ruas de São Paulo -um universo de 4.549 pessoas, segundo o último levantamento da prefeitura. Os moradores de rua da maior cidade do país são, em sua maior parte, homens, brancos, originários da região Sudeste e com algum nível de instrução. Moram principalmente na região central da cidade, área onde se concentram também os principais abrigos municipais que ajudam essa população. Entre os 200 entrevistados, 45% são brancos, 35%, pardos e 20%, negros. A grande maioria (86%) é do sexo masculino. Nasceram na região Sudeste 46% deles, contra 40% que são originários do Nordeste. São Paulo, com 29%, é o principal Estado de origem. Minas Gerais e Bahia empatam em segundo lugar (12% cada um), seguidos por Pernambuco (10%) e Paraná (7%). O termo "mendigo" foi abolido do vocabulário das pessoas e entidades que prestam assistência aos que vivem embaixo dos viadutos. O termo politicamente correto em uso hoje é "morador de rua". Entidades ligadas à Igreja preferem um termo politicamente corretíssimo: "sofredor de rua". Se declaram solteiros 67% dos mendigos ouvidos pelo Datafolha e 89% dizem não ter namorado ou namorada. Curiosamente, 53% deles afirmam ter um ou mais filhos. Um quarto vive de pedir dinheiro nas ruas ou sinais de trânsito, mas recolher papelão, vigiar carros e catar latas de alumínio aparecem logo em seguida como atividades que garantem a renda de, respectivamente, 21%, 19% e 9% dos moradores de rua. A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes César. A coordenação e análise dos trabalhos esteve a cargo de Luciana Chong. O planejamento da amostra foi feito por Teresinha Peret. LEIA MAIS Sobre moradores de rua da pág. 2 Próximo Texto: De emprego em emprego, paraibano termina na rua Índice |
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