São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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O empréstimo compulsório

DEMIAN FIOCCA

Mecanismos automáticos que regulem o nível de crescimento são melhores do que instrumentos dependentes de decisões do governo. Mas a administração da economia por meio fiscal é menos custosa e pode ser socialmente mais justa do que a política monetária.
Tanto empréstimos compulsórios como juros altos reduzem a massa de lucros e salários. Mas o primeiro não onera as contas públicas nem transfere renda para os grandes detentores de riqueza financeira.
Desde que os programas de gastos públicos de Roosevelt conseguiram tirar os EUA da depressão iniciada em 1929 sem gerar inflação, generalizou-se no mundo o uso de déficits públicos para combater a recessão. Trata-se de manter o nível de atividade quando o investimento privado cai.
Ocorre porém que, se essa política foi válida nas fases de recessão, seu reverso não foi aplicado quando o crescimento era considerado excessivo. Nesses momentos, em vez de abrir espaço aos maiores investimentos privados contendo o gasto público ou aumentando a arrecadação, tem-se utilizado a elevação dos juros para conter a própria atividade privada.
Essa receita estabilizou as taxas de crescimento e foi responsável pelo período de ouro do capitalismo avançado, do pós-guerra aos anos 70. Mas fez com que as dívidas públicas crescessem e pressionassem a inflação. A busca de uma política fiscal flexível é um dos grandes desafios da atualidade. O uso de compulsórios que sejam de fato temporários é tecnicamente recomendável.

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