São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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"Maioria não tem programas sérios"

Afirmação é de consultor de RH

LUÍS PEREZ
EDITOR-INTERINO DE EMPREGOS

O consultor Gutemberg Brito de Macedo, 50, joga um balde de água fria nas expectativas de quem pretende entrar em uma empresa como trainee.
"A maioria não tem programas de trainee sérios", diz o presidente da Gutemberg Consultores, que atende a clientes como Ford, Volkswagen e Votorantim.
Segundo ele, o objetivo do programa de trainee é de "aconselhamento, orientação e adaptação do jovem ao ambiente de negócios". Ou seja, prepará-lo para enfrentar a carreira.
"Mas, em geral, não passam o que é uma carreira executiva, como se planeja, como se estrutura, quais são suas etapas."
O consultor chama os trainees de "bóias-frias da era pós-industrial", a maioria dos gerentes de "despreparados" e alerta para uma possível diminuição no investimento em treinamento.
"Você ensina a pessoa a fazer e não a pensar sobre como fazer", resume o consultor.
Afirma que só os departamentos de recrutamento e seleção exigem muito do candidato -pedem fluência em idiomas, conhecimentos de informática e, em alguns casos, até pós-graduação.
Diz ainda que poucos consultores criticam a situação porque têm relações comerciais com as empresas. Para Macedo, a situação está pior do que há 20 anos.
"Tínhamos programas sérios de trainees nos anos 70 e até meados dos anos 80", diz, citando o Citibank como um bom modelo (veja reportagem acima).
Toda essa situação resulta, afirma, em uma desilusão precoce com a carreira executiva e com o investimento feito na educação. "Isso é mau para as novas gerações de futuros diretores e presidentes de empresas."
O consultor dá algumas dicas para o candidato a trainee evitar armadilhas. Fazer perguntas à empresa -qual o investimento em RH (recursos humanos), por exemplo- é uma delas.
Outro conselho é conversar pessoalmente com quem foi trainee e fez sucesso na empresa. E também com os que entraram e foram demitidos em seguida.
"O jovem precisa saber também que não pode ficar muito tempo na mesma posição, na mesma empresa", diz.

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