São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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As duas últimas corridas sempre são do desespero

EMERSON FITTIPALDI

Sempre falo que as duas últimas provas do ano são as do desespero. No final da temporada, quem está andando bem quer continuar bem. E quem está mal quer mostrar que anda. A moçada vem desesperada, aprontando muito. Acho que tanto a prova de hoje como a de Laguna Seca serão as mais emocionantes do ano.
O GP de Vancouver é, por tradição, uma corrida de muitos imprevistos. Muitas vezes, quem estava lento nos treinos anda rápido na prova e vice-versa. Costumo dizer que parece uma corrida de dragster, aquelas provas de arrancadas, porque o circuito é muito lento nas curvas e há grande aceleração nas retas. É preciso boa tração e bom freio.
Acho que temos aqui a curva mais lenta da Indy: o cotovelo no fim da reta. Eu faço essa curva a uns 46 km/h, em primeira marcha. E mesmo a curva mais rápida da pista, a segunda chicana, que eu faço em segunda marcha, é bastante lenta -passo por ela a uns 100 km/h.
Na verdade, a mais rápida é a de número um, após os boxes. Mas, ali, todo mundo faz de pé embaixo. Ela não é uma limitação para ninguém: com um carro razoável, você faz a curva.
Isso mostra bem a característica do circuito: é uma pista de dragster. Acelera em linha reta, freia, pára, faz a curva e acelera de novo. Temos, ainda, uma reta muito rápida. A gente está chegando a 300 km/h, o que é muito para um circuito de rua.
Pedimos para que modificassem o circuito. Havia até um plano de se fazer três curvas de 90 graus na parte do túnel, o que daria mais possibilidade de ultrapassar.
Mas, pelo novo desenvolvimento da área, eles não conseguiram fazê-las e isso está prejudicando muito a gente.
A pista é meio danada. Tem duas chicanas em que, se você apoiar um pouco mais a roda interna na zebra, o carro pula e bate no muro de fora -e, por tradição, aqui também acontecem muitas batidas, pois há pouca área de escape.
E não se trata de um circuito interessante. É muito chato de guiar, cansativo, parado. Você freia demais, pára demais e sai de novo. Não dá para criar um ritmo. Ao contrário, é um circuito que quebra o seu ritmo.

André Ribeiro mostrou, em seu primeiro ano na Indy, que tem maturidade e potencial como piloto. Foi pressionado por Michael Andretti em New England, conseguiu passá-lo e administrou a vitória.
Nas últimas quinze voltas, iria colocar uma volta sobre mim, mas resolveu não passar, mantendo a calma. Sem dúvida, ainda vai nos dar muita alegria.

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