São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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Criança e Adolescente; Marketing ecológico; Lutas feministas; Refugiados; Independência; Aula de cinema; Ensino religioso; Desavenças; Desaparecidos

Criança e Adolescente
"Mais uma demonstração leviana, de má-fé e, perdoem-me a força de expressão, 'nazista' contra o Estatuto da Criança e Adolescente. O secretário de Segurança do Rio, general Nilton Cerqueira, afirma que as crianças de 14 anos devem responder criminalmente, assim como seus pais e/ou responsáveis (Folha, 01/9, pág. 3-4). Cadeia e gueto para todos e assim estará resolvida a exclusão social no país, na opinião do sr. general. Necessitamos uma pauta que possibilite a médio prazo o fim da exclusão social, sem exploração da mão-de-obra infantil, prostituição, drogas e crianças fora da rede escolar. Basta!"
Luiz Antonio Ferretti, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (São Paulo, SP)

Marketing ecológico
"Em vez de ficar fazendo marketing pessoal, desfilando de bicicleta pelos Jardins, o sr. Fábio Feldmann poderia visitar o prefeito de São Paulo e perguntar por que a frota de ônibus a gás, iniciada na gestão passada, não teve continuidade nessa. Ele, enquanto 'verde' que é, deve saber que os ônibus em circulação poluem muito mais que os automóveis. Por que não conversa com o governador para melhorar as ferrovias e incentivar o transporte de cargas por trens, evitando grande número de caminhões na cidade? Não adianta desfilar de bicicleta ou de Vespa, se a maioria da população tem que se empoleirar em ônibus e metrôs lotados."
Liane Rossi (São Paulo, SP)

Lutas feministas
"Reduzir as lutas feministas simplesmente à conquista da igualdade entre os sexos é propor uma cortina de fumaça a um ideário que vai muito além de possibilitarmos às mulheres o acesso ao mundo já tão desigual e opressor entre os próprios homens. A sociedade patriarcal vigente, caracterizada essencialmente pela agressividade, competitividade, deverá ser substituída por novas relações humanas. O ofício não se separará da arte e a criação será direito de todos, a reprodução da espécie será de responsabilidade de toda a espécie e a sua manutenção e preservação será de interesse coletivo. São esses os propósitos das/dos ecofeministas."
Mara Mauer (São Bernardo do Campo, SP)

Refugiados
"Venho manifestar-me radicalmente contra o fornecimento de asilo a refugiados de guerra, principalmente dos Bálcãs. Não se trata de xenofobismo, muito menos de despreocupação com pessoas que poderão ser mortas. A questão fundamenta-se na geografia e na economia brasileira. Por que o Brasil tem de aceitar refugiados, sendo que nem sequer é vizinho da região? Seriam necessários empregos para os ex-iugoslavos e, caso não sejam arrumados, o governo seria obrigado a sustentar pessoas ociosas. Enquanto os refugiados têm 'casa, comida e roupa lavada' o povo brasileiro sofre e morre de fome. Filhos da nação são crucificados, enquanto estrangeiros são carregados no 'colinho', um absurdo."
Omar Ferreira Miguel (Uberlândia, MG)

"Qual a razão de o Instituto Nacional de Tecnologias Integradas à Agropecuária, situado em Uberaba (MG), estar disposto a receber refugiados da Bósnia? Tenho acompanhado bem de perto a guerra travada pelos nossos milhares de homens, mulheres e crianças 'sem terra', que necessitam de um pedacinho de terra para sobreviverem em nosso país e, agora, o instituto vem oferecer terras para os refugiados da Bósnia? O que é que há com os nossos políticos?"
Jairo Sguassabia (Lindóia, SP)

Aula de cinema
"Bonito o diálogo entre Sganzerla e Bressane (27/8). Dois cineastas poetas, pontas-de-lança do Brasil, coerentes em suas trajetórias. Uma breve aula de cinema, de ética e resistência em poucas páginas."
Guilherme Mansur (Ouro Preto, SP)

Ensino religioso
"Em assembléia ocorrida no dia 18 de maio, os bispos de São Paulo concluíram que o ensino religioso nas escolas públicas de São Paulo deve ser de caráter ecumênico. Em artigo publicado em 'Tendências/Debates' (10/8), d. Eduardo Koaik, presidente da Regional Sul 1 da CNBB, discorre longamente sobre o conteúdo do ensino religioso. Em nenhum momento faz menção da confessionalidade (privilégio do catolicismo) fomentar o anti-semitismo, como apontam alguns leitores da Folha. Muito pelo contrário, destaca o valor da religião como elemento unificador entre pessoas e a soma de esforços para construir uma sociedade mais fraterna. Para a CNBB está claro que, uma vez implementado o ensino religioso, quem irá ministrar as aulas são professores da rede de ensino público. Não há necessidade de abrir concurso para contratação de professores. O desafio está em preparar os professores que trabalharão essa disciplina. Aqui, faz-se necessária a parceria com as igrejas envolvidas."
Antonio Carlos Frizzo, secretário regional da CNBB-SP (São Paulo, SP)

Independência
"Cumprimento o jornalista Luís Nassif pelo brilhante e corajoso artigo 'Collor e o exorcismo da imprensa', na Folha de 1/9. O trabalho revela independência e capacidade de análise justa e isenta dos fatos da história política e econômica do país."
Gilbert Zarife (Salvador, BA)

Desavenças
"As últimas notícias que têm vindo do Oriente Médio (leia-se Arábia) nos faz pensar que algo está para acontecer até o limiar do terceiro milênio do calendário cristão. Se o idioma é o mesmo (árabe), a religião é a mesma (Islã), os costumes, tradições, divertimentos etc. são os mesmos, então porque tanta desavença? Será que os árabes jamais serão unidos? Esperamos ardentemente que não. O mundo árabe precisa, urge mesmo, unir seus interesses em prol de seu próprio povo (cerca de 200 milhões) e seu próprio futuro."
Fernando Al-Egypto (Petrópolis, RJ)

Desaparecidos
"A respeito da matéria 'Desaparecidos políticos' (27/8), li atentamente o desabafo do sr. José Vivanco, diretor-executivo da Human Rights, em que afirma que 'a situação do Brasil é escandalosa'. Acredito que o país, com o projeto de lei do Executivo que concede indenizações e atestados de óbitos aos militantes políticos desaparecidos durante o regime militar está virando uma página triste da sua história. O governo Fernando Henrique tem o mérito e a coragem de ter aberto a discussão em torno do assunto e acho inoportuna, neste momento, a pressão que essa organização não-governamental americana quer exercer sobre o governo federal. O momento é de diálogo e não de incitamento de civis contra militares, que venha criar qualquer tipo de instabilidade política no país."
Sebastião Rocha, senador pelo PDT-AP (Brasília, DF)

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