São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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A violência

Refletir sobre a violência gera muito mais perguntas do que respostas. Costuma-se atribuir as taxas de criminalidade do Brasil à miséria. Embora seja difícil não estabelecer esse vínculo, parece que ele não é determinante.
O Brasil, com uma renda per capita de cerca de US$ 3.000, registra uma média de 21 assassinatos por 100 mil habitantes por ano. Gana, na África, com uma renda de pouco menos de US$ 500, tem uma taxa de homicídios dez vezes menor (2,1), inferior à registrada nos EUA, cujo índice é de 8,4.
Fica evidente que fatores não-econômicos contribuem para o aumento da violência. Na Grande São Paulo, segundo cálculo de coronel da PM, só 4% dos homicídios ocorrem em assaltos. Outras causas como desentendimentos de boteco, acerto de contas entre traficantes e crimes passionais têm maior peso.
O controle de armas também explica as diferenças entre os índices norte-americanos (8,4) e japoneses (1,2). A distribuição de renda, ou, no limite, da falta dela, também contribui quando se tenta comparar a situação do Brasil com a de Gana.
Casos circunstanciais são outro ponto determinante. A cidade mais bárbara do mundo, Johannesburgo (cem assassinatos por 100 mil habitantes por ano), vive um conflito étnico entre zulus e xhosas.
Sem negar a importância do policiamento ostensivo e das campanhas de desarmamento, entre outras, a melhor arma contra a violência é sem dúvida a educação. Como disse Victor Hugo, "quando se abre uma escola, fecha-se uma prisão".

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