São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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As lições do tigre

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - A Coréia do Sul acaba de formular seu pedido de ingresso no clube dos 25 países mais ricos do mundo, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Vai ser aprovada, sem dúvida. Já é a 11ª economia do mundo, nos calcanhares de um Brasil que, no entanto, tem uma população 3,5 vezes maior.
Qual é o segredo da explosão econômica desse pequeno país, metade do tamanho do Estado de Pernambuco? Fiz essa pergunta sexta-feira a seu chanceler, Gong Ro-Myung.
Ele dá linhas gerais que acabam servindo de lição tanto para o antigo modelo brasileiro de desenvolvimento como para o que se está agora desenhando.
Ponto número 1 - O desenvolvimento não se fez com base em corporações estatais, mas pelo estímulo ao espírito empreendedor individual.
Serve, portanto, como contestação ao chamado nacional-desenvolvimentismo em que o Brasil se apoiou a partir da década de 30.
Ponto número 2 - O governo não fica apenas olhando as coisas acontecerem. "Dá diretrizes para os investimentos, diz qual o melhor campo para investir", relata Ro-Myung. E protege as empresas que seguem tais diretrizes.
O terceiro elemento é de valor universal e atemporal: grande investimento na educação de sua mão-de-obra.
Vale, de todo modo, como lição para o Brasil do passado e para o Brasil contemporâneo. Por aqui, nunca se investiu devidamente nessa área. Já a Coréia se gaba de ter o maior número de diplomas de doutorado per capita do mundo.
Por fim, Ro-Myung cita algo que fará as delícias de pelo menos dois empresários brasileiros (Antonio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, e Paulo Cunha, do grupo Ultra).
"A Coréia é um país muito pobre e os coreanos sabem que, a menos que trabalhem duro, não poderão sobreviver". Compara os coreanos a formigas, que estocam para o inverno, em contraposição às cigarras, uma comparação que Paulo Cunha tem feito com alguma frequência (e sem muito sucesso junto ao governo, aliás).

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