São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Fome de alegria

JUCA KFOURI

Que o técnico campeão mundial Parreira não leia jamais estas mal-traçadas. Nem muito menos o campeão da Libertadores Luís Felipe. E que o técnico da seleção Zagallo leve na brincadeira. Mas, já que o incansável Betinho está organizando, com todo o nosso apoio, dois jogos pela paz nos estádios e contra a fome no país, a coluna quer propor que um dos times seja formado por Ronaldo, Cafu, Aldair, Márcio Santos e Roberto Carlos; Dunga, Renato Gaúcho, Edmundo, Túlio, Romário e Sávio. Só para a gente ver que bicho dá.
Algumas considerações sobre essa irresponsabilidade. Que Telê nos desculpe, mas ele poderá dirigir tal equipe, mesmo que também não ache razoável semelhante proposta. Outro que terá que ir para um sacrifício ainda maior será Dunga, coitado, único marcador num onze em que todos têm vocação ofensiva. Falando nisso. Esse time não quer ofender ninguém, só quer mostrar que faz samba também.
Será o melhor teste possível para uma teoria igualmente maluca qua andou sendo defendida com ardor aqui mesmo nesta Folha, o leitor há de se lembrar. Havia alguém que proponha que a seleção que disputaria a Copa do Mundo nos Estados Unidos jogasse com cinco atacantes. O nome do proponente? Há dúvidas a respeito. Quem tem um mínimo de memória sabe que o nome dele é Matinas Suzuki Jr. Mas quem é mais desligado jura que a proposta partiu de um tal Juca Kfouri. Paula Lavigne, por exemplo. Ela até apostou com seus amigos que Matinas não escrevia sobre bola, que quem o fazia era outro jornalista também com sobrenome japonês, Kfouri. Paula, é claro, perdeu a aposta. Era Suzuki mesmo -e Kfouri é árabe. Mas quem convive com a finíssima estampa do baiano Caetano Veloso tem direito de fazer qualquer confusão. (Quem, aliás, não pode manter inédita a sua maravilhosa Corintiá, composta 12 anos atrás, é outro baiano genial, Gilberto Gil.)
Voltemos à provocação ofensiva. O futebol anda precisando de uma sacudida em nome da alegria. Alguma coisa que devolva o riso aos estádios, coisa que Garrincha -e vai para o prelo nesta semana mais um best-seller de Ruy Castro, a biografia do Mané, a Estrela Solitária- fazia como ninguém. Por isso, a proposta. Com o acréscimo de cinco substituições para o segundo tempo. Marcelinho, Juninho, Ronaldo, Giovanni e Rivaldo. Por que não? O futebol quer mais jogos como Santos e Vasco, como Portuguesa e Vasco. Ou não?
Temos fome, fome de paz, fome de bola. Fome de alegria. Alegria, Alegria!

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