São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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ONGs decidem manter reunião paralela

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

As dirigentes do encontro de organizações não-governamentais (ONGs) dedicado a problemas da mulher anunciaram ontem em Pequim que a reunião continua, depois de ameaçarem interrompê-la por causa da pressão da polícia chinesa.
Os policiais, embora tenham prometido diminuir a intervenção, agrediram uma advogada canadense e entraram em choque com mulheres muçulmanas que queriam protestar fora do local do encontro.
O Partido Comunista chinês não permite liberdade de expressão. A China candidatou-se para receber o encontro das ONGs e a Quarta Conferência Mundial da Mulher, o maior evento internacional da história da China, mas agora teme protestos das feministas.
A organização do encontro das ONGs lançou um ultimato no sábado. Se em 24 horas a polícia não acabasse com as tentativas de intimidar e vigiar as participantes, a reunião poderia ser suspensa.
A polícia chinesa, uniformizada ou não, filmava os participantes e até tentou interromper alguns seminários. No sábado, ela argumentou "estar protegendo" as cerca de 25 mil mulheres, mas admitiu diminuir a pressão.
A canadense Eva Herzer disse ter sido agredida por policiais quando tentou distribuir panfletos pela independência do Tibete, ocupado pela China desde 1950.
Ela afirmou ter sido seguida e filmada pela polícia, que parou apenas com a chegada de um integrante do comitê organizador. Este lembrou que no local do encontro prevalecem as leis das Nações Unidas e não as leis chinesas.
Policiais entraram em choque com mulheres muçulmanas que tentaram fazer protesto fora do local do encontro. Elas pediam desde o fim do embargo contra o Iraque até mais liberdade para mulheres em sociedades islâmicas.
O comitê organizador também pediu explicações sobre confisco de material da barraca das homossexuais. Eram folhetos em chinês sobre homossexualismo, levados da barraca das homossexuais.
Apenas um dos quatro diários que costumam ser publicados em reuniões da ONU recebeu autorização do governo chinês. "The Earth Times" será impresso em Pequim e representa o primeiro jornal sem censura e editado por estrangeiros na China comunista.

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